- Bitcoin permanece acima de US$ 90 mil, mas sem direção antes da decisão do Fed amanhã.
- Mercado opera com baixa liquidez, fluxo vendedor moderado e expectativa dominante por corte de juros.
- Analistas apontam que nenhum movimento relevante ocorrerá até a fala de Jerome Powell definir o rumo do BTC.
O Bitcoin atravessou a terça-feira com movimentos contidos e permaneceu acima de US$ 90 mil, mesmo após um leve recuo no início do dia. A criptomoeda encontrou suporte firme nesse patamar psicológico, mas o comportamento do mercado indica uma conclusão clara entre analistas: o BTC não deve se mover de forma relevante até a decisão do Federal Reserve, marcada para amanhã. A expectativa dominante prende investidores e reduz o volume de negociações em praticamente todos os segmentos.
Nos mercados globais, o clima foi de cautela desde as primeiras horas da manhã. André Franco, CEO da Boost Research, afirmou que as bolsas asiáticas operaram em baixa, refletindo um ambiente carregado de incertezas diante do encontro do Fed. Segundo ele, “os participantes do mercado não querem aumentar riscos antes de saber se o corte de juros realmente virá”. A possibilidade de uma redução de 25 pontos-base continua no radar, mas permaneceu envolta em dúvidas sobre o ritmo de flexibilização em 2026.
Enquanto isso, o Bitcoin manteve cotação próxima de US$ 90.400, mas com uma leitura técnica que segue turva. A direção de curto prazo parece neutra a levemente negativa, já que a ausência de clareza sobre a política monetária global reduz o apetite por ativos voláteis. Mesmo com o dólar estável, não há sinais de que o eventual corte do Fed criará um impulso imediato nos mercados.
No ambiente técnico, o BTC continua preso entre US$ 88 mil e US$ 93 mil, intervalo estreito que costuma ocorrer antes de decisões macroeconômicas relevantes. Ether segue estável perto de US$ 3.100, enquanto BNB e Solana recuaram de maneira moderada. A capitalização total do setor caiu para US$ 3,07 trilhões, mostrando um mercado parado e com menor disposição ao risco.
Bitcoin aguarda o FED

Os ETFs adicionaram mais uma peça ao cenário. Produtos de Bitcoin registraram saída líquida de US$ 60 milhões, enquanto fundos de ETH, SOL e XRP atraíram novos aportes. Esse contraste sugere que não há fuga massiva do mercado, mas sim uma reorganização interna, característica comum em períodos de espera macroeconômica.
O analista Timothy Misir, chefe de pesquisa da BRN, avaliou o panorama com franqueza. “O mercado está congelado antes do FOMC. Nada anda sem a fala do Powell. Direção agora não existe”, afirmou. Ele descreveu um ambiente de liquidez reduzida, no qual qualquer notícia pode gerar impactos rápidos e desproporcionais.
Os dados on-chain reforçam o quadro misto. Grandes investidores adicionaram mais de 45 mil BTC na última semana, e empresas como BitMine e Strategy ampliaram suas operações com ETH e BTC. Além disso, os saldos nas corretoras seguem em queda acentuada, com 403 mil BTC retirados em 12 meses, sinal claro de redução da pressão vendedora estrutural.
Mesmo assim, o mercado spot permanece fraco. O CVD à vista caiu de –US$ 40 milhões para –US$ 111 milhões, indicando fluxo vendedor contínuo mesmo com o preço relativamente estável. Endereços ativos e volumes de transferência mostram melhora gradual, mas a leitura ainda não sugere um impulso sólido.
Misir avalia que o Bitcoin ensaia leve melhora técnica. O RSI de 14 dias subiu para 58,2, apontando aumento da força compradora. Contudo, o maior risco imediato é a possibilidade de o Fed sinalizar menos cortes de juros do que o esperado, cenário que atingiria o BTC primeiro e as altcoins com ainda mais intensidade.
A análise de Manish Chhetri segue na mesma direção. Para ele, o Bitcoin “ficará parado até o Fed falar, porque todo o mercado está posicionado para a quarta-feira”. Ele lembra que o BTC já foi rejeitado na região de US$ 94.253, e que só um movimento forte após a decisão poderia empurrar o preço em direção aos US$ 100 mil.

