• Alta de 100% no Bitcoin tende a ficar no passado, com mercado mais maduro
• Adoção institucional reduz volatilidade e muda dinâmica histórica de ciclos
• Regulação mais clara sustenta crescimento gradual, não explosivo
O Bitcoin pode não repetir altas de 100% no futuro, segundo uma análise que ganha força entre gestores institucionais. A avaliação reflete uma mudança estrutural no mercado de criptoativos. O foco agora recai sobre maturidade, previsibilidade e adoção institucional contínua.
De acordo com Matt Hougan, diretor de investimentos da Bitwise, o cenário atual é diferente dos ciclos anteriores. Para ele, o ativo segue com perspectiva positiva, mas sem movimentos explosivos. O executivo afirma que o mercado já incorporou em seus preços grande parte das incertezas regulatórias. Segundo Hougan, questões que antes travavam grandes investidores agora estão resolvidas ou avançando rapidamente.
Essa mudança, segundo ele, altera a dinâmica do preço do Bitcoin. O ativo passa a responder menos a choques especulativos e mais a forças estruturais de longo prazo. Hougan acredita que o tradicional ciclo de quatro anos perde relevância. Em seu lugar, surge um período de crescimento mais gradual e prolongado. Ele descreve esse movimento como um “avanço constante de 10 anos”.
Bitcoin não vai mais ter alta explosiva
De acordo com o gestor, novas forças começaram a atuar com intensidade a partir de 2024. O lançamento dos ETFs de Bitcoin marcou o início dessa transformação. Em seguida, o progresso regulatório acelerou o processo. Além disso, o crescimento das stablecoins e da tokenização ampliou o papel dos ativos digitais no sistema financeiro. Para Hougan, essas forças superam os fatores que historicamente impulsionaram ciclos abruptos.
Historicamente, eventos como o halving sempre serviram de catalisadores para fortes altas. No entanto, o executivo avalia que o Bitcoin entra em uma fase mais madura. Nessa etapa, fatores estruturais ganham peso sobre eventos pontuais. A adoção institucional passa a ser o principal motor.
Essa transição pode resultar em crescimento mais sustentado e menos volátil. O perfil do investidor também muda. Instituições entram gradualmente, enquanto o varejo reduz sua exposição. A volatilidade diminui de forma visível. Hougan destaca que, nos últimos 12 meses, o Bitcoin apresentou menor oscilação do que ações tradicionais de tecnologia. Ele cita a Nvidia como exemplo.
Dados da TradingView mostram essa comparação de preços. Para o gestor, o dado sinaliza uma redistribuição clara de capital no mercado. Segundo ele, grandes instituições educacionais e fundos começaram a comprar. Ao mesmo tempo, investidores de varejo realizam lucros ou reduzem risco. Esse movimento reforça a estabilidade dos preços.
Adoção ‘freia’ a alta
Do ponto de vista da Bitwise, a adoção institucional ainda está no início. Hougan ressalta que grandes bancos atuam de forma lenta e cautelosa. Isso faz parte do processo. Apenas recentemente, instituições como Morgan Stanley, Merrill Lynch, Wells Fargo e UBS aprovaram produtos ligados ao Bitcoin. Isso ocorreu mesmo após meses do lançamento dos ETFs.
Em entrevista à CNBC, Hougan afirmou que as portas começam a se abrir agora. O impacto total desse movimento ainda não apareceu nos preços. Outro fator central é o ambiente regulatório. Para o executivo, a mudança política nos Estados Unidos teve efeito direto na percepção institucional do Bitcoin.
De acordo com ele, investidores evitavam o ativo principalmente por incertezas legais. A volatilidade nunca foi o maior obstáculo. A falta de clareza regulatória sempre pesou mais. Com o novo cenário, essa barreira praticamente desapareceu. Hougan afirma que o Bitcoin passou a ser visto como um ativo seguro dentro de carteiras institucionais.
Ele destaca, no entanto, que o maior impacto regulatório pode recair sobre outros ativos digitais. Mesmo assim, o Bitcoin se beneficia por ser o mais consolidado. Nesse contexto, a análise aponta que altas de 100% se tornam improváveis. O ativo ainda pode crescer, mas de forma mais previsível e gradual.


