Leslie Maasdorp, diretor financeiro do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) da aliança econômica BRICS, em uma entrevista recente, insinuou a possibilidade de uma futura moeda global estabelecida pelo BRICS. Essa nova moeda teria a ambição de rivalizar com o dólar americano, na perspectiva de médio a longo prazo.
A coalizão econômica BRICS, composta por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, tem como objetivo aumentar o comércio direto em suas respectivas moedas nacionais, segundo Maasdorp.
A sigla BRICS engloba as cinco economias de crescimento acelerado, influentes na arena global, e abrange uma população combinada de mais de 3 bilhões de pessoas, representando mais de 40% da população mundial. Os países membros têm um Produto Interno Bruto (PIB) combinado de aproximadamente US$ 56,6 trilhões.
Durante sua entrevista à Bloomberg TV, Maasdorp ressaltou que a coalizão, por enquanto, não está pronta para introduzir uma nova forma fiduciária que possa competir com a moeda de reserva global dominante. No entanto, ele acrescentou que isso pode mudar no futuro.
Maasdorp observou que o Renminbi chinês está ainda bastante longe de se tornar uma ameaça significativa à predominância do dólar. Além disso, ele salientou a dependência do NDB em relação ao dólar americano para suas operações, afirmando que o banco considera o dólar como moeda âncora e o utiliza em seu balanço.
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Brics
Em 2023, a coalizão BRICS chamou a atenção de várias nações com interesse em aderir ao grupo. Segundo o Embaixador Africano Anil Sooklal, 13 países da África, América Latina e Ásia apresentaram candidaturas ou procuraram oficialmente a liderança do BRICS para solicitar adesão à associação.
Os planos de estabelecer uma nova moeda global surgem em um momento em que um relatório da HSBC Asset Management alertou sobre possíveis ventos contrários na economia dos Estados Unidos no final do ano, o que poderia potencialmente dar início a uma recessão global.
Outras previsões apontam para um 2024 tumultuado para a Europa, que deve enfrentar sua própria contração econômica, enquanto a economia dos EUA deve desacelerar no último trimestre deste ano.
Além disso, o uso do dólar americano como arma pelo governo dos EUA, por meio de sanções que incluem bloqueio do acesso da Rússia às suas reservas em moeda estrangeira, após a invasão da Ucrânia, despertou debates. Para alguns analistas, o uso do dólar desta maneira pode ter consequências não intencionais, como prejudicar seu status de moeda de reserva mundial e impulsionar sistemas de pagamento alternativos e a procura por “portos seguros”, como o ouro e o Bitcoin.
Nesse contexto, o Bitcoin, a principal criptomoeda, foi descrito por Larry Fink, CEO da maior gestora de ativos do mundo, BlackRock, como a “digitalização do ouro” e como algo com potencial para revolucionar o sistema financeiro.