- China ensaia retorno estratégico ao mercado de criptomoedas.
- Hong Kong testa terreno para reabertura ao Bitcoin.
- Sinais regulatórios indicam possível flexibilização chinesa.
Um dos maiores emissores de ETFs de criptomoedas de Hong Kong, o HashKey Group, revelou um movimento sutil, porém significativo, do governo chinês em direção à reabertura para o Bitcoin e outros ativos digitais.
Em entrevista à CNBC, o chefe de investimentos do grupo, Jupiter Zheng, destacou que as conversas com reguladores chineses e os avanços em Hong Kong apontam para uma reavaliação da postura nacional sobre criptomoedas.
Hong Kong como laboratório de testes da China
Segundo Zheng, Hong Kong cumpre uma função estratégica para o governo chinês. A cidade opera como uma espécie de “laboratório regulatório”, onde inovações financeiras ganham espaço antes de se espalharem pelo restante do país. Ele reforça que a estrutura “um país, dois sistemas” serve justamente para testar setores como o de criptoativos e aplicações Web3.
Essa abordagem não é nova. Antes da repressão em 2013, a China liderava o mundo em volume de transações com Bitcoin, movimentando 80% do mercado global. No entanto, entre 2013 e 2017, o governo impôs uma série de restrições, encerrando bolsas locais e proibindo eventos ligados ao setor.
Agora, sinais recentes mostram uma possível reviravolta. Além disso, Z0heng afirma que autoridades chinesas passaram a demonstrar interesse renovado pelos ativos digitais, especialmente após a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA em novembro de 2024.
Autoridades chinesas sinalizam abertura regulatória
Yifan He, CEO da Red Date Technology, compartilha da mesma percepção. Além disso, ele afirma que, dois anos atrás, via “chance zero” da China reverter o banimento das criptomoedas. Hoje, ele aposta em mais de 50% de chance de flexibilização nos próximos três anos. “Vejo sinais claros de que os reguladores começaram a falar sobre o assunto com mais seriedade”, disse.
Apesar desse otimismo, o mercado ainda adota cautela. A plataforma descentralizada Polymarket, especializada em previsões financeiras, atribui atualmente 0% de chance de o governo chinês desbanir o Bitcoin até o fim de março. Em dezembro de 2024, essa estimativa estava em 21%, com a criptomoeda cotada acima dos US$ 97 mil.

Mesmo com ceticismo de curto prazo, os sinais de bastidores indicam que Pequim pode estar se preparando para um reposicionamento estratégico. Caso isso se confirme, o impacto global será profundo. Afinal, a China possui influência estrutural em praticamente todos os mercados de inovação.