- Mercado de criptomoedas perde US$ 900 bilhões em um mês.
- Bitcoin rompe suporte e acende alerta de nova queda.
- Altcoins sofrem com fuga de capital e baixa liquidez.
O mercado global de criptomoedas vive uma das suas semanas mais turbulentas do ano. Em menos de um mês após atingir máximas históricas, o valor total dos ativos digitais despencou quase 20%, apagando cerca de US$ 900 bilhões em capitalização. De acordo com dados da CoinGecko, o setor caiu de US$ 4,4 trilhões no início de outubro para cerca de US$ 3,5 trilhões, deixando o desempenho anual praticamente estagnado.
O movimento começou como uma correção natural após meses de alta, mas rapidamente evoluiu para uma venda em massa. Em poucos dias, cerca de US$ 19 bilhões em posições alavancadas foram liquidadas, provocando uma onda de pânico nas corretoras. Esse choque reduziu o ímpeto que vinha impulsionando o Bitcoin e as altcoins desde o início do segundo semestre.
A virada ocorreu semanas depois do entusiasmo com as políticas pró-cripto do presidente Donald Trump. Seu discurso em defesa da blockchain americana havia impulsionado o Bitcoin em 35%, atraindo tanto investidores de varejo quanto grandes fundos institucionais.
Porém, o sentimento positivo se dissipou rapidamente. Agora, o valor total das criptomoedas caiu abaixo do nível visto quando Trump assumiu o cargo, mostrando a velocidade com que o apetite por risco desapareceu. Operadores descrevem o momento como similar ao final do ciclo de 2021 — empolgação nas manchetes, mas fragilidade estrutural por trás dos gráficos.

Bitcoin perde suporte e acende alerta técnico
O Bitcoin voltou a liderar as perdas. A moeda caiu cerca de 8% na semana e rompeu a média móvel de 200 dias, usada por analistas como um limite de longo prazo. Na manhã desta sexta-feira, o ativo era negociado perto de US$ 101 mil, sem sinal claro de recuperação.
“Quando esse tipo de suporte técnico é perdido, os algoritmos intensificam as vendas”, afirmou um operador em Londres, destacando que grandes fundos já reduziram exposição antes da divulgação de novos dados macroeconômicos.
Se o movimento continuar, o Bitcoin pode testar a faixa de US$ 95 mil, uma zona que muitos analistas consideram decisiva para definir se a correção vira uma tendência de baixa prolongada.
Mercado de criptomoedas: altcoins e DeFi enfrentam momento difícil
As altcoins sentiram o impacto de forma ainda mais severa. Augustine Fan, da SignalPlus, destacou que quase não há entrada de novos capitais fora de Bitcoin e Ethereum. “O mercado de DeFi e tokens de menor capitalização está funcionando no limite”, afirmou.
Projetos de finanças descentralizadas acumulam quedas de dois dígitos, e o volume em corretoras descentralizadas permanece muito abaixo do registrado na primavera. Esse esvaziamento de liquidez deixa muitos protocolos vulneráveis, com investidores migrando para ativos considerados mais seguros.
O cenário piorou com a correção das bolsas de tecnologia. O Nasdaq 100 caiu 2,8% e os principais índices asiáticos perderam até 4,7%. A aversão ao risco contaminou o mercado cripto.
Jeff Mei, diretor da BTSE, comparou o movimento com o que ocorre nas ações de inteligência artificial (IA). “Se a bolha das ações de IA estourar, o Bitcoin pode cair abaixo de US$ 100 mil, e as altcoins sofrerão ainda mais”, alertou.
Essa correlação crescente entre ativos de alto crescimento e criptomoedas reforça a ideia de que o setor está cada vez mais atrelado ao humor dos investidores institucionais.
Assim, mesmo em meio à turbulência, há indícios de estabilização. Depois de seis dias consecutivos de saídas, os ETFs à vista de Bitcoin e Ethereum voltaram a registrar entradas de US$ 253 milhões, mostrando que parte dos investidores encara a queda como oportunidade de compra.
Ainda assim, analistas destacam que a confiança só voltará com entradas consistentes e melhora no cenário macroeconômico. A volatilidade segue alta, e o aperto na liquidez global impõe limites à recuperação.

