- Strategy mantém posição no Nasdaq 100 apesar das incertezas do Bitcoin
- MSCI avalia excluir empresas cripto, impactando grandes players como Strategy
- Executivos contestam proposta da MSCI, defendendo inovação no setor cripto
A gigante do Bitcoin, Strategy, manteve sua posição no Nasdaq 100 na sexta-feira, reforçando sua presença no principal índice de tecnologia dos EUA. A permanência ocorre após um ano de intensa discussão no mercado financeiro global. A situação despertou atenção de investidores e analistas.
O Nasdaq 100 reúne as maiores empresas listadas na bolsa sem foco financeiro tradicional, e a permanência da Strategy indica como seu valor de mercado cresceu apesar do modelo controverso. O caso segue chamando atenção no setor de criptomoedas e finanças globais.
Modelo de negócios e o debate sobre fundo de investimento
Desde 2020, a companhia abandonou o nome MicroStrategy e passou a concentrar todas as operações na compra e manutenção de Bitcoin. A estratégia virou o núcleo das atividades da empresa e moldou sua estrutura corporativa e financeira.
Esse foco total em Bitcoin fez com que vários analistas afirmassem que a Strategy se aproxima mais de um fundo de investimento em criptoativos do que de uma empresa tradicional de tecnologia. Além disso, a proximidade entre preço do token e ação acelera essa crítica.
As preocupações ganharam força porque as ações da Strategy continuam reagindo fortemente a cada movimento no preço do Bitcoin, o que acentua a volatilidade percebida por investidores tradicionais. Essa sensibilidade amplia as dúvidas sobre o encaixe da empresa em índices clássicos de ações.
Mudanças no Nasdaq e avaliação da MSCI
Na mesma semana, a Nasdaq anunciou mudanças importantes no índice 100. Empresas como Biogen, CDW Corporation, Globalfoundries, Lululemon Athletica, On Semiconductor e Trade Desk deixarão o índice. Em contrapartida, nomes como Alnylam Pharmaceuticals, Ferrovial, Insmed, entre outros, entram na lista de referência. A reestruturação começa em 22 de dezembro.
Apesar dessas movimentações, a permanência da Strategy destaca o quão grande seu market cap se tornou, mesmo com balanço fortemente dependente de Bitcoin. Essa dependência, no entanto, é alvo de um novo foco de debate pela MSCI, provedora global de índices de referência.
A MSCI está avaliando excluir a Strategy e outras empresas similares que mantêm a maior parte de seus ativos em criptomoedas de seus benchmarks. A decisão está programada para janeiro e pode redesenhar o modo como investidores institucionais tratam ações ligadas a criptoativos.
A proposta da MSCI levanta questionamentos sobre se essas empresas ainda se encaixam na estrutura tradicional de índices de ações, justamente em um momento de queda no preço do Bitcoin e aumento das incertezas no mercado global.
Carta de Saylor e respostas do mercado
Em resposta à proposta da MSCI, Michael Saylor e Phong Le enviaram uma carta de 12 páginas chamando a avaliação de equivocada e prejudicial. Além disso, eles contestaram critérios técnicos, contábeis e políticos, afirmando que a regra seleciona empresas cripto de forma arbitrária. A Strategy destacou que seus US$ 61 bilhões em Bitcoin representam mais de 85% do valor de mercado.
Na carta, os executivos alertaram para consequências profundamente prejudiciais caso a exclusão avance. Eles afirmaram que a medida ignora volatilidade, fundamentos do balanço e contraria políticas pró ativos digitais dos EUA. Analistas estimam saídas de até US$ 2,8 bilhões, embora parte do risco já esteja precificada.
Ainda mais, a empresa também rejeitou a visão de que atua como intermediária passiva de Bitcoin. Segundo a Strategy, o ativo é usado ativamente para gerar retorno aos acionistas por meio de tecnologia própria. Outras gestoras, como a Strive, apoiaram a tese e defenderam liberdade estratégica nos índices.

