A pequena vila de Gondo, no alto dos Alpes, na passagem de Simplon entre a Suíça e a Itália, remonta às minas de ouro do século XVII de Kaspar Stockalper. Era uma cidade em crescimento, mas quando as minas fecharam no final de 1800, a cidade entrou em um longo declínio; hoje só tem cerca de 50 residentes em tempo integral. Mas, há alguns anos, Gondo começou a atrair um novo tipo de garimpeiro – mineradores de criptomoedas atraídos pelas temperaturas frescas da cidade montanhosa e pela energia hidrelétrica barata.
Os primeiros mineiradores a chegar foram um grupo de jovens empresários suíços cuja empresa, a Alpine Tech, construiu um abrigo sem janelas equipado com 900 placas gráficas (GPUs) para minerar criptomoedas, incluindo Bitcoin e Ethereum.
Operações documentadas
No ano passado, o fotógrafo italiano Claudio Cerasoli fez uma série de visitas a Gondo para documentar as operações da Alpine Tech, bem como os remanescentes das antigas minas de ouro da cidade. “Desde o início, fiquei fascinado pela terminologia similar usada em criptomoeda e mineração de ouro”, diz Cerasoli. “Em ambos os casos, apesar das tecnologias sofisticadas envolvidas, existem técnicas artesanais de pequena escala para serem descobertas.”
A equipe da Alpine Tech convidou Cerasoli para fotografar as prateleiras de placas gráficas em seu abrigo subterrâneo de concreto, que é resfriado por uma dúzia de tubos plásticos que bombeiam 30.000 metros cúbicos de ar refrigerado no espaço a cada hora.
A mineração de criptomoeda é extremamente intensiva em energia. Uma ferramenta online construída por pesquisadores da Universidade de Cambridge estima que o consumo anual de energia do Bitcoin, por si só, é igual ao da Suíça – o país que, coincidentemente, se tornou uma espécie de foco de criptomoeda.
Para sua série The Gold of Gondo, Cerasoli justapõe fotografias de computação blockchain com imagens de minas de ouro abandonadas, levando os espectadores a se perguntarem o que, daqui a cem anos, continuará sendo o boom do Bitcoin da Alpine Tech.
“Tanto os mineradores de ouro no passado como os mineiros modernos são motivados pelo desejo de descobrir um novo mundo.”, diz Cerasoli. “E os dois tiveram que criar formas inovadoras para atingir seu objetivo.”