- Organizações criminosas usaram criptoativos para movimentar mais de R$ 210 milhões
- PF cumpriu mandados de busca e prisão em ação contra fraudes bancárias, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro
- Justiça determinou o sequestro de bens de investigados e empresas em Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Maranhão
A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (20) duas operações simultâneas para combater organizações criminosas envolvidas em crimes financeiros, fraudes cibernéticas, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro com uso de criptoativos. Ao todo, a PF cumpriu 26 mandados de busca e apreensão e 11 mandados de prisão nos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Maranhão.
As ações são resultado de investigações iniciadas a partir de dados compartilhados pela Rede de Cooperação Internacional em Crimes Cibernéticos, criada em 2023 a fim de fortalecer a troca de informações entre autoridades. As apurações são da Coordenação de Repressão a Fraudes Bancárias Eletrônicas da PF, em conjunto com as delegacias de Joinville e Itajaí, em Santa Catarina.

Operação da PF mira contra quadrilha que usou criptoativos para lavar dinheiro
A primeira operação, denominada Cryptoscam, mira uma organização criminosa composta por familiares com base em Ponta Grossa (PR), suspeita de envolvimento em fraudes bancárias e furtos de criptoativos por meio de ataques cibernéticos. O caso teve início após o repasse de informações sobre o furto de US$ 1,4 milhão em criptoativos de um cidadão de Singapura.
De acordo com as investigações, o grupo se mudou para Balneário Camboriú (SC) em 2021. No local os investigados passaram a ocultar valores por meio da compra de imóveis de alto padrão, veículos de luxo e ativos digitais. Estima-se que tenham movimentado cerca de R$ 100 milhões entre 2020 e 2025. Parte dos integrantes também é suspeita de envolvimento em ataques a 150 contas da Caixa Econômica Federal, vinculadas a 40 prefeituras, em 2020.
Já a segunda operação, Wet Cleaning, teve como ponto de partida a prisão de uma mulher acusada de ser uma das maiores estelionatárias do Brasil, investigada por aplicar golpes contra a Caixa Econômica Federal. As investigações revelaram conexões com suspeitos de furto a caixas eletrônicos, tráfico e lavagem de dinheiro.
De acordo com a PF, o grupo utilizava empresas formais nos setores de construção civil, informática e transporte de cargas para lavar recursos ilícitos. A movimentação financeira estimada gira em torno de R$ 110 milhões em criptoativos.
Além das prisões e buscas, a Justiça determinou o sequestro de bens e valores em nome dos investigados, de terceiros (laranjas) e empresas envolvidas. As investigações seguem em curso para identificar outros envolvidos e ampliar a análise das conexões nacionais e internacionais dos grupos criminosos.