(BitcoinNews) Um outro canal divulgou uma reportagem sobre os perigos que o Bitcoin representa para o meio ambiente. Nós já ouvimos esses argumentos excessivamente simplistas inúmeras vezes antes. Mas mesmo que se aceitasse que o consumo de energia do Bitcoin é substancial, o número ainda é insignificante perto das instituições financeiras tradicionais, cuja marca deixada pelo carbono é enorme.
“Bitcoin é óleo”
Jornalista, ex-minerador de Bitcoin e atual sócio da empresa de criptomoeda Ocuis, Ethan Lou, escreveu um artigo no Guardian nesta semana: “Outra coisa que você pode não saber sobre Bitcoin: isto está matando o planeta.” No artigo, ele argumenta que “todos que se aventurarem nele [Bitcoin] renascerão como inimigos do movimento ambientalista”, como aqueles envolvidos na indústria do petróleo. Ele passa a comparar o Bitcoin com o ouro negro, já que ambos tiveram quedas e sofreram manipulação de pessoas importantes, acrescentando:
“Não é hoje, mas chegará o dia em que a industria de óleo ou mudanças [climáticas] serão o menor dos problemas para os ambientalistas. Bitcoin é o próximo inimigo natural.”
O artigo acrescenta que o fechamento de locais de mineração devido a preocupações com a eletricidade é mais um motivo de alarme, e que as empresas continuarão a lutar pelo seu direito de mineração, pois a adoção de criptomoedas inevitavelmente está aumentando. Essas empresas também continuarão sendo confrontadas por seu comportamento, afirma o autor. “Enquanto os acadêmicos e a mídia há muito notavam o uso de eletricidade na mineração, 2018 marcou o ano em que as publicações ambientais e progressistas começaram a soar o alarme”, disse Lou.
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Por que não culpar os bancos então?
O artigo do The Guardian foi unilateral. É verdade que a mineração em criptomoedas usa muita eletricidade. E é certamente verdade que os ambientalistas atacaram o Bitcoin repetidamente nos últimos tempos. Mas se quisermos ter um debate inteligente, devemos olhar para todos os fatos. Atacar as criptomoedas pelo seu suposto impacto ambiental é enganoso – especialmente quando os bancos são os principais culpados no consumo de energia.
A Dra. Katrina Kelly-Pitou, pesquisadora associada em Engenharia Elétrica e de Computação da Universidade de Pittsburgh, deixou isso claro em seu artigo “Pare de se preocupar com o quanto de energia o Bitcoin usa”, onde ela argumentou que a “conversa em torno do Bitcoin e da energia tem sido simplificada demais”, acrescentando:
“O setor bancário consome cerca de 100watts/h de energia anualmente. Se a tecnologia Bitcoin amadurecer em mais de 100 vezes seu tamanho atual de mercado, ainda assim equivaleria a apenas 2% de todo o consumo de energia.”
Além de observar quanta energia está sendo usada pelos bancos, é importante considerar que tipo de energia está sendo usada. A mineração de Bitcoin, normalmente, usa energia que é excedente à demanda e que, de outra forma, teria sido desperdiçada. De modo geral, não usa energia de base suja como o carvão. Os bancos, por outro lado, canalizaram bilhões de dólares para a indústria de combustíveis fósseis – como a JP Morgan criticada por financiar a mineração de petróleo e carvão. Kelly-Pitou usa ainda a Islândia, onde a mineração de Bitcoins esta se tornando popular, como exemplo. O país conta com quase 100% de energia renovável para sua produção e, portanto, seu consumo de energia é relativamente benigno do ponto de vista ambiental. Em vez de criticar a criptomoeda, a mídia deveria estar se concentrando nos principais setores – incluindo o setor bancário – cuja dependência dos combustíveis fósseis deveria ser substituída por algo mais verde.
É irônico que o Bitcoin, um sistema financeiro genuinamente útil e transformador, seja alvo de não ser suficientemente verde quando as instituições corruptas que exercem a hegemonia sobre o sistema financeiro global são cúmplices no aumento da mudança climática. O Bitcoin, em comparação, deixa apenas as pegadas mais fracas do planeta Terra.