- Reforma tributária pode liberar enorme onda de investidores japoneses
- Gigantes locais aceleram investimentos para captar novos usuários cripto
- Mercado vê o Japão despertar como força global em ativos digitais
O Japão está prestes a reacender o interesse de investidores de varejo em criptomoedas. A expectativa cresce porque o governo planeja reduzir a tributação do setor para uma alíquota fixa de 20%. Esse movimento pode transformar completamente o cenário local, que por anos ficou estagnado por causa de impostos altos e regras rígidas.
Essa mudança tributária promete sacudir o mercado. Analistas dizem que o novo imposto vai tornar os ativos digitais bem mais atrativos. Hoje, o país cobra até 55% sobre ganhos com criptomoedas, o que desestimula negociações e afasta novos investidores. Parlamentares da dieta nacional apoiam a proposta da agência de serviços financeiros (FSA), que quer alinhar o regime tributário das criptos ao de ações e títulos tradicionais.
Essa transformação não surgiu do nada
O governo japonês passou por várias fases até reconhecer plenamente o papel das criptomoedas no sistema financeiro. Por muito tempo, o setor ficou preso em uma zona cinzenta. Após o colapso da Mt. Gox em 2014, as autoridades decidiram regular o mercado, mas sem classificá-lo como moeda ou valor mobiliário. Isso limitou a atuação de bancos e corretoras tradicionais.
A partir de 2016, o regulador criou normas mais claras para provedores de serviços de criptoativos. Em 2017, a FSA legalizou as criptomoedas e estabeleceu requisitos de KYC e combate à lavagem de dinheiro. Mesmo assim, as moedas digitais passaram a ser tratadas como “rendimentos diversos“, sujeitas às altas taxas progressivas.
Com a nova proposta, o cenário muda completamente. A alíquota fixa de 20% promete aproximar o Japão de outros mercados avançados e liberar um potencial gigantesco entre investidores de varejo.
Japão pode despertar como força global
Especialistas acreditam que o impacto será profundo. Sota Watanabe, CEO da Startale, afirma que essa reforma representa “um grande dia para o Japão“. Ele acredita que a mudança abrirá espaço para ETFs de criptomoedas e ampliará o interesse dos japoneses pelo setor.
Haseeb Qureshi, sócio-gerente do fundo Dragonfly, destaca que o Japão tem PIB comparável ao de economias como Alemanha e Índia. Para ele, o país é um “gigante adormecido” em cripto, limitado apenas pelos impostos elevados. Qureshi lembra que essa disparidade tributária faz até empresas como a MetaPlanet negociarem com prêmio, já que operar ações pode ser fiscalmente mais vantajoso do que comprar Bitcoin.
O mercado já sofreu choques após o ataque à Coincheck em 2018, o que acelerou a criação de padrões rígidos e da associação de autorregulamentação JVCEA. Porém, nos últimos anos, medidas como a liberação de stablecoins e a classificação de alguns tokens como produtos financeiros ampliaram o espaço para inovação.
Agora, com a economia pressionada pela perda do poder de compra, investidores japoneses buscam alternativas com retornos melhores. Plataformas e grandes empresas já se preparam para disputar essa nova onda de usuários. Nomes como SBI, Sony, Sega e Nomura estão acelerando investimentos.
Além disso, setores como NFTs ganham novos usos, ligados ao turismo e a marcas icônicas como Hello Kitty, Nissan e Yamaha. O ecossistema começa a se mover de maneira coordenada, mostrando que o país está pronto para crescer.

