Boa tarde povo.
No versículo anterior apresentei “Disputas e Reparações”.
No de hoje “Atributos dos Colecionáveis” a penúltima parte da obra..
Atributos dos Colecionáveis
Uma vez que humanos evoluíram em tribos pequenas, altamente auto-sustentáveis, e mutuamente antagônicas , o uso de colecionáveis para reduzir a necessidade de rastreamento de favor, e tornar possível as outras instituições humanas de transferência de riqueza que exploramos, era muito mais importante do que os problemas de escala do escambo na maior parte do período de tempo de nossa espécie. De fato, os colecionáveis providenciaram uma melhora fundamental aos trabalhos de altruísmo recíproco, permitindo humanos a cooperar de maneiras indisponíveis a outras espécies. Para elas, o altruísmo recíproco é severamente limitado pela memória não confiável. Algumas outras espécies têm cérebros grandes, constroem as próprias casas, ou fazem e usam ferramentas. Nenhuma outra espécie produziu tal melhoria aos trabalhos de altruísmo recíproco. A evidência indica que esse novo desenvolvimento maturou por volta de 40.000 A.P.
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Menger chamou esse primeiro dinheiro de “commodity intermediário” – o que esse paper chama de colecionável. Um artefato útil para outras coisas, como cortar, poderia também ser usado como um colecionável. No entanto, uma vez que as instituições envolvendo transferência de riqueza se tornassem valiosas, os colecionáveis seriam fabricados apenas por suas propriedades colecionáveis. Quais são essas propriedades? Para uma commodity em particular ser escolhida como um colecionável valioso. Ela teria, em relação a produtos menos valiosos como colecionáveis, pelo menos as seguintes qualidades desejáveis:
- Mais seguro contra perda acidental ou roubo. Na maior parte da história isso significou portabilidade e facilidade de esconder.
- Mais difícil de forjar seu valor. Um subconjunto importante desses produtos é inescapavelmente caro e, portanto, considerado valioso, por motivos explicados abaixo.
- Esse valor era mais acuradamente aproximado por simples observação ou medição. Essas observações teriam uma integridade mais confiável e, no entanto, seriam menos caras.
Humanos em todo o mundo são fortemente motivados a coletar itens que melhor satisfaçam essas propriedades. Parte dessa motivação provavelmente inclui instintos geneticamente evoluídos. Tais objetos são coletados pelo bel prazer de colecioná-los (não por qualquer razão particularmente explícita e imediata), e tal prazer é quase universal entre culturas humanas. Uma das motivações imediatas é a decoração. De acordo com Dr. Mary C. Stiner, uma arqueóloga na Universidade do Arizona, “A ornamentação é universal entre todos os forrageiros humanos modernos”[W02]. Para um psicólogo evolucionista, tal comportamento que tem uma boa explicação final, em termos de seleção natural, mas não tem nenhuma razão próxima, além do prazer, é um candidato primordial para ser um prazer geneticamente evoluído que motiva o comportamento. Tal é, se o raciocínio neste ensaio está correto, o instinto humano para coletar itens raros, arte e especialmente jóias.
O ponto (2) requer mais explicação. A princípio, a produção de uma commodity simplesmente por ser custosa parece bastante desperdício. No entanto, a commodity custosa e não forjável repetidamente adiciona valor ao tornar possível transferências benéficas de riqueza. Mais do custo é recuperado toda vez que uma transação é tornada possível ou menos cara. O custo, inicialmente um desperdício completo, é amortizado em muitas transações. O valor monetário de metais preciosos é baseado nesse princípio. Também se aplica aos colecionáveis, que são mais valorizados quanto mais raros e menos forjável essa raridade for. Aplica-se também onde o trabalho humano comprovadamente qualificado ou único é adicionado ao produto, como na arte.
Nós nunca descobrimos ou fizemos um produto que vá bem em todos os 3 pontos. Arte e colecionáveis (no sentido em que essa palavra é usada na cultura moderna, ao invés do sentido técnico usado nesse paper) otimizam (2), mas não (1) e (3). Contas comuns satisfazem (1) mas não (2) e (3). Jóias, feitas a princípio das conchas mais belas e menos comuns mas eventualmente em muitas culturas de metais preciosos, chega perto de satisfazer essas três propriedades. Não é coincidência que jóias de metais preciosos usualmente venham em forma de correntes ou anéis, permitindo análise barata em locais escolhidos aleatoriamente. As moedas foram uma melhoria adicional – substituir pequenos pesos padrão e marcas registradas por avaliações¹ reduziu enormemente os custos de pequenas transações usando metais preciosos. O dinheiro propriamente dito foi apenas mais um passo na evolução dos colecionáveis.
O tipo de arte móvel feita pelo homem paleolítico (pequenas figuras e similares) também combina bem essas características. De fato, o homem paleolítico fez muito poucos objetos que não eram nem utilitários, nem compartilhavam as características (1) e (3).
Há muitos exemplos intrigantes de pederneiras inúteis ou pelo menos não usadas pelos homo sapiens. Nós mencionamos as lascas inutilizáveis do povo Clovis. Culiffe[C94] discute um achado na era mesolítica européia de centenas de pedras, cuidadosamente elaboradas, mas que a análise de micrografias revela que nunca foram usadas para cortar.
Pederneiras foram muito provavelmente os primeiros colecionáveis, precedendo colecionáveis de propósito especial como jóias. De fato, os primeiros colecionáveis de pederneira teriam sido feitos por sua utilidade de corte. Seu valor agregado como meio de transferência de riqueza foi um efeito colateral fortuito que permitiu que as instituições descritas neste artigo florescessem. Essas instituições, por sua vez, teriam motivado a fabricação de colecionáveis de propósito especial, a princípio pederneiras que não precisam ter uso real como ferramentas de corte, e então a grande variedade de outros tipos de colecionáveis que foram desenvolvidos pelo Homo sapiens sapiens.
Durante a era Neolítica, em muitas partes do Oriente Médio e Europa, alguns tipo de jóias se tornaram mais padronizadas – ao ponto que tamanhos padrão e a facilidade de avaliação eram, geralmente, mais valorizados do que a beleza. Em áreas comerciais, a quantidade dessas jóias às vezes excedia em muito a das jóias tradicionais. Este é um passo intermediário entre jóias e moedas, quando alguns colecionáveis assumiram uma forma fungível. Por volta de 700 a.c., os reis lídios começaram a emitir moedas, conforme descrito acima. O custo imponderável de pesos padrão de metais preciosos poderia agora ser “avaliado” em um mercado, por assalariados ou por cobradores de impostos via marca registrada, por exemplo, confiança na marca da casa da moeda, em vez de “cortar o fio enrolado” em um local selecionado aleatoriamente.
Não é coincidência que os atributos dos colecionáveis são compartilhados com metais preciosos, moedas, e commodities de reserva que sustentaram a maioria da moedas não-fiduciárias. O dinheiro propriamente dito implementou essas propriedades de forma mais pura do que os colecionáveis usados durante quase toda a pré-história humana.
Uma novidade do século XX foi a questão das moedas fiduciárias pelos governos. (“Fiat” significa não apoiado por qualquer mercadoria de reserva, como eram as moedas baseadas em ouro e prata dos séculos anteriores). Embora geralmente excelente como meios de troca, as moedas fiduciárias provaram ser muitos pobres reservas de valor. A inflação tem destruído muitas poupanças. Não é coincidência que os mercados de objetos raros e trabalhos artísticos únicos – usualmente compartilhando os atributos dos colecionáveis descritos acima – aproveitaram uma renascença durante o último século. Um dos nossos marketplaces mais avançados tecnologicamente, o EBay, é centrado em volta desses objetos de qualidades econômicas primordiais. O mercado de colecionáveis está maior do que nunca, mesmo se a fração de nossa riqueza investida neles for menor do que quando eles foram cruciais para o sucesso evolucionário. Os colecionáveis satisfazem nossos impulsos instintivos e permanecem úteis em seu papel ancestral como uma reserva segura de valor.
¹assay: exame, teste, análise. No sentido de avaliação da quantidade de metal na ourivesaria.
No próximo versículo apresento a conclusão da obra, as referências e agradecimentos.
Um ótimo início de semana com as bençãos do pai.