Boa noite povo!
No versículo de ontem vimos a última parte de “Como garantir uma security de portador digital”, a terceira obra da série de artigos chamada “The Geodesic Market”. Hoje iniciaremos a tradução de “Todos os títulos da cristandade’: Títulos de dívida de portador digital”
Todos os títulos da cristandade’: títulos de dívida de portador digital
Setembro 1998
Se você leu a última edição do The Geodesic Market, agora você sabe como colocar o dinheiro do portador digital na rede. É claro, você pode colocar todo tipo de instrumento financeiro na forma de portador digital, e este mês vamos analisar a dívida, que é a extensão mais simples do modelo de dinheiro que mostrei da última vez.
É claro que, para emitir dívida, o tomador do empréstimo (ou qualquer outro ator do mercado, é claro, exceto compradores e vendedores secundários) precisa de uma boa reputação, e nós vamos falar sobre isso primeiro.
Com muita fanfarra, agora mostro minha citação favorita de J Pierpont Morgan, o último grande cidadão do universo financeiro de liquidação ao portador.
Na época em que ele proferiu essa pérola de sabedoria financeira, Morgan estava mais ou menos em seu leito de morte e foi literalmente arrastado em frente ao Congresso dos EUA para testemunhar antes de morrer.
Então, imagine-se lá, em uma sala do comitê do Congresso em 1913, (um ano depois de 1912, o ano que o colunista libertário Vin Suprynowicz diz ser o ponto alto na liberdade americana) e aí está você, olhando para o único homem na história a reabastecer Fort Knox com os proventos de uma emissão de títulos de dívidas europeias tipicamente com excesso de subscritos, com base apenas na força da sua assinatura, depois que este mesmo Congresso gastou todo o tesouro em primeiro lugar.
Um homem que, sozinho, parou vários pânicos bancários, um deles jogando paciência em um cômodo da Biblioteca Morgan, com uma sala cheia de presidentes de bancos discutindo na sala do outro lado do corredor, enviando propostas ocasionais a ele para sua esperada aprovação ao longo de alguns dias, enquanto Wall Street prendia a respiração.
Um homem muito velho agora. Um velho sendo comandado sob o desprezo do melhor Congresso que o dinheiro poderia comprar, para lhes contar o segredo supremo do sistema bancário. A coisa mais importante que um banqueiro teria que ter para ter sucesso.
São os “antecedentes familiares” certos?, Eles parecem perguntar a esse paradigma da WASPiness¹ de New England. A gravata escolar certa? Não importa que Morgan tenha sido tutorado a maior parte do tempo. A sociedade secreta certa? Claro, Morgan não era muito gregário, exceto que ele administrava o conselho de administração de sua igreja, e do Metropolitan Museum of Art, como fazia no resto de seus empreendimentos, com mão de ferro.
Morgan apenas faz uma careta para eles. Sua resposta é muito simples:
‘Caráter.’
Nosso aspirante a inquisidor do Congresso provavelmente ficou estupefato. Com certeza, ele era um político grosseiro da máquina urbana da virada do século XX, ou talvez um populista de sapato prateado em uma estrada dos tijolos amarelos dourados no extremo modo Dorothy-vai-a-Oz.
Fosse o que fosse, ele estava quase certamente esperando uma história de conspiração financeira de proporções de Bilderburg para colocar nas manchetes do dia seguinte. E aposto que este moderno Torquemada não acreditava em seus ouvidos.
“Caráter”, ele dispara. Como se ele nunca tivesse ouvido a palavra antes.
Morgan se enche de seu total de 5 pés e pouco de altura, dá ao homem um daqueles famosos olhares ofegantes sobre um nariz mutilado de rosácea.
“Senhor, eu não compraria nada de um homem sem caráter nem se ele me oferecesse todos os títulos da cristandade.”
Analisando essa linguagem para explicar, “o sexismo episcopal do final do século XIX”, obtemos uma definição tão clara do poder de repressão da reputação como já foi dito neste lado do “Caveat Emptor”².
Em outras palavras, se você mentir, eu não faço negócios com você novamente. Nunca.
E, no mundo em que Morgan se encontrava, esse tipo de esquiva financeira era praticamente tudo que alguém realmente poderia fazer.
¹[nota minha] WASPiness. WASP é o acrônimo que em inglês significa “Branco, Anglo-Saxão e Protestante” (White, Anglo–Saxon and Protestant). Com frequência usada em sentido pejorativo, presta-se a designar um grupo relativamente homogêneo de indivíduos de religião protestante e ascendência britânica que supostamente detêm enorme poder econômico, político e social. ness = é um sufixo que denota a qualidade ou estado de algo.
²[nota minha] Caveat emptor é uma expressão latina e significa, literalmente, “(toma) cuidado, comprador”. Em uma tradução livre, significa ‘o risco é do comprador’
Assim terminamos a primeira parte da quarta obra da série. Amanhã a segunda. Ricas bençãos!