Ola meus irmãos, boa tarde
Ontem postei o segundo versículo do Capítulo 4, hoje o terceiro e último.
Vocês tem pavor de seus próprios filhos, pois eles são nativos em um mundo onde vocês sempre serão imigrantes. Porque vocês os temem, vocês confiam suas burocracias com as responsabilidades parentais, vocês são muito covardes para confrontarem a si mesmos. Em nosso mundo, todos os sentimentos e expressões da humanidade, desde o depreciativo até o angelical, são partes de um todo perfeito, a conversa global de bits. Não podemos separar o ar que sufoca do ar sobre o qual as asas batem.
Na China, na Alemanha, na França, na Rússia, em Cingapura, na Itália e nos Estados Unidos, vocês estão tentando impedir o vírus da liberdade, erguendo postos de guarda nas fronteiras do ciberespaço. Isso pode impedir o contágio por um curto período, mas não funcionará em um mundo que em breve será coberto por mídias que transmitem bits.
Suas indústrias de informação cada vez mais obsoletas se perpetuariam propondo leis, na América e em outros lugares, que reivindicam possuir o discurso propriamente dito em todo o mundo. Essas leis declarariam as idéias como outro produto industrial, não mais nobre que o ferro-gusa. Em nosso mundo, o que quer que a mente humana possa criar, pode ser reproduzido e distribuído infinitamente, sem nenhum custo. O transporte global do pensamento não requer mais suas fábricas para realizá-lo.
Essas medidas cada vez mais hostis e coloniais nos colocam na mesma posição daqueles amantes anteriores da liberdade e da autodeterminação que tiveram que rejeitar as autoridades de poderes distantes e desinformados. Devemos declarar nossos ‘eus’ virtuais imunes à sua soberania, mesmo enquanto continuamos a consentir em seu domínio sobre nossos corpos. Nós nos espalharemos pelo Planeta para que ninguém possa prender nossos pensamentos.
Vamos criar uma civilização da mente no ciberespaço. Que seja mais humana e justa do que o mundo que seus governos fizeram antes.
Davos, Suíça
8 de Fevereiro, 1996
Esta foi a última parte da obra “A Declaration of the Independence of Cyberspace” de John Perry Barlow. Volto amanhã com o Capítulo 5.
Um abraço e até o próximo!