- Powell deve anunciar novo corte de juros ainda hoje
- Mercado aposta 99,9% em redução de 25 pontos-base
- Trump volta a criticar Powell e pressiona o Federal Reserve
Washington está paralisada pela crise do shutdown, e o Federal Reserve enfrenta um desafio inédito. Sem dados econômicos atualizados, a autoridade monetária precisa decidir praticamente às cegas, o que aumenta o risco de erro.
Mesmo assim, Jerome Powell e seu comitê indicam disposição em seguir adiante com o segundo corte de juros do ano, reduzindo a taxa em 25 pontos-base para conter os impactos da desaceleração.
Expectativas já consolidadas em Wall Street
Em meio à incerteza política, o mercado financeiro mostra confiança absoluta no movimento do Fed. Segundo o FedWatch da CME, há 99,9% de probabilidade de que a taxa seja reduzida em um quarto de ponto percentual. Nenhum analista relevante aposta em um corte maior, e apenas 0,1% dos investidores acredita na manutenção do nível atual.
Powell deve adotar um tom cauteloso durante a coletiva da tarde. A falta de indicadores sobre emprego, consumo e inflação consequência direta da paralisação do governo, dificulta previsões precisas. Mesmo assim, a inflação anual, em torno de 3%, permanece sob controle, afastando temores de uma nova espiral de preços.
Enquanto o Fed busca calibrar sua política monetária, os membros mais moderados do Comitê teriam pressionado por uma redução mais agressiva, de 50 pontos-base, segundo fontes próximas à instituição. A tendência, no entanto, é que prevaleça a opção mais prudente, refletindo o desejo de evitar sinais de pânico em meio à desaceleração global.
Pressões políticas e críticas de Trump
Mesmo fora da Casa Branca, Donald Trump continua a atacar Powell. Em um discurso feito em Gyeongju, na Coreia do Sul, o presidente chamou o chefe do Fed de Jerome Atrasado Demais‘ Powell, arrancando risadas da plateia formada por executivos da APEC.
Trump afirmou ainda que a economia dos Estados Unidos crescerá 4% no primeiro trimestre de 2026, ignorando alertas de economistas que preveem o contrário. Os novos impostos de importação defendidos por ele devem reduzir o ritmo de crescimento, e não acelerá-lo, segundo projeções do próprio Departamento do Tesouro.
No cenário atual, o Federal Reserve tenta equilibrar expectativas políticas, volatilidade internacional e credibilidade institucional. A redução de juros parece inevitável, mas o desafio real de Powell será convencer os mercados de que o Fed mantém o controle sobre a economia, mesmo em tempos de incerteza e escassez de dados.
A decisão de hoje pode marcar o início de um novo ciclo monetário e definir o tom da política econômica americana até o próximo ano.

