A comunidade Ethereum enfrenta um momento de turbulência. O ecossistema, conhecido por sua descentralização e inovação, agora passa por uma crise de confiança. Especula-se que uma nova fundação pode surgir para desafiar a atual Ethereum Foundation (EF).
O fundador da Lido, Konstantin Lomashuk, negou que tenha criado uma entidade concorrente à EF. A discussão surgiu após uma postagem enigmática no X (antigo Twitter) mencionar uma “Segunda Fundação”. O empresário esclareceu que, se uma nova organização for estabelecida, ela deve complementar o trabalho dos desenvolvedores já atuantes.
Contudo, rumores de que Lomashuk está por trás dessa iniciativa ganharam força nas redes sociais. Em um bate-papo fechado no Discord, ele foi categórico: “Isso é fake news. Não criei nenhuma fundação. Essa conta no Twitter não representa uma Segunda Fundação real”.
Mudanças na Ethereum Foundation
O cofundador do Ethereum, Vitalik Buterin, anunciou que a EF passará por “mudanças significativas” em sua gestão. A declaração veio em resposta às críticas crescentes sobre a estrutura da fundação. Algumas pessoas interpretaram o comunicado como um indício da possível saída de Aya Miyaguchi, CEO da EF. Entretanto, Buterin deixou claro que não cederá a pressões externas.
A tensão aumentou quando o desenvolvedor Eric Conner, após mais de uma década na comunidade, anunciou sua despedida do projeto. Em sua biografia no X, ele alterou sua descrição para “ex-maximalista do ETH”. Por outro lado, Danny Ryan, pesquisador respeitado no ecossistema, está em diálogo com Buterin e outros membros da EF para definir o futuro da entidade.
Para alguns especialistas, a EF não tem mais capacidade de liderar a evolução do Ethereum. O influente investidor de NFTs DCinvestor sugeriu que o poder da fundação seja reduzido, redistribuindo funções de pesquisa para outras estruturas.
Hayden Adams, criador da Uniswap, acredita que o desenvolvimento técnico da rede deveria ser financiado por um “segundo fundo”, separado da EF.
Amanda Cassatt, ex-membro da ConsenSys, reforçou que a blockchain precisa de um “motor de marketing”, algo que a Ethereum Foundation nunca desenvolveu. David Phelps, cofundador da JokeRace, concorda e destaca que um novo grupo dedicado à publicidade poderia trazer enormes benefícios.
O papel da EF no atual cenário regulatório
Leighton Cusack, fundador da PoolTogether, argumenta que o Ethereum se beneficiou da postura passiva da EF. Ele ressalta que a falta de envolvimento direto da entidade permitiu que a blockchain escapasse da classificação de “valor mobiliário” pelos reguladores.
“Foi a organização perfeita para um ambiente regulatório hostil. Baseada na Suíça, completamente fora do radar. Se a EF fosse mais ativa, talvez os ETFs de Ethereum nunca tivessem se tornado realidade,” comentou Cusack.
Pouco antes de deixar seu cargo, em 20 de janeiro, o ex-presidente da SEC, Gary Gensler, confirmou que a agência nunca classificou o Bitcoin e o Ethereum como valores mobiliários. Esse posicionamento pode ser um alívio temporário para a criptomoeda, mas a instabilidade política dentro de sua comunidade ainda representa um desafio significativo.