- Modelo de reserva em BTC acende alerta entre empresas seguidoras.
- Queda da Strategy provoca medo e pressiona adoção corporativa.
- Efeito Strategy ameaça demanda e amplia risco de liquidações.
A queda recente das ações da Strategy levantou dúvidas sérias no mercado e reacendeu o debate sobre os riscos do modelo corporativo baseado na reserva de Bitcoin (BTC). Mesmo após meses de otimismo, a correção que afastou o BTC de seus recordes acima de US$ 126 mil abriu espaço para novos temores, e muitos investidores agora questionam se a empresa de Michael Saylor pode enfrentar uma crise mais profunda.
O movimento ganhou força quando as ações da Strategy passaram a ser negociadas abaixo do valor de suas próprias reservas de bitcoin, algo interpretado como um sinal grave. Para analistas, essa virada não representa apenas uma métrica financeira. Ela funciona como um alerta que ecoa por todo o mercado e expõe fragilidades que antes estavam escondidas pela euforia.
Além disso, o chamado mNAV da companhia caiu para abaixo de 1,0, o que significa que o mercado avalia o negócio operacional somado à dívida em valor negativo. Em outras palavras, investidores agora aplicam um desconto direto sobre as reservas de BTC, algo impensável no auge do modelo de tesouraria corporativa defendido por Saylor.
Mesmo assim, fontes ligadas à Strategy minimizaram a situação e afirmaram que esses movimentos fazem parte de ciclos comuns. Elas reforçaram que a empresa tem estrutura e liquidez suficientes para atravessar períodos longos de baixa. Ainda assim, o mercado dá sinais contrários e reage de forma agressiva a qualquer sinal de fraqueza.
Porém, o maior risco não está exatamente na Strategy. O verdadeiro problema aparece nas empresas que copiaram a estratégia sem ter a mesma capacidade financeira. Mais de cem companhias listadas adotaram o “manual Saylor” e converteram parte de seus caixas em bitcoin durante a fase mais otimista do ciclo. Agora, essas empresas encaram um cenário bem mais duro.
Strategy e sua reserva de Bitcoin
Para companhias menores, ver o “líder da manada” tropeçar provoca medo imediato. Conselhos administrativos questionam se devem continuar acumulando BTC ou se precisam rever toda a estratégia. Esse pânico, muito comum em momentos de correção, pode travar novas compras de bitcoin, reduzindo um fluxo que antes impulsionava o preço do ativo.
Além disso, várias empresas adaptaram o modelo e decidiram acumular ativos ainda mais voláteis, como ETH, SOL, XRP e ZEC. Nesses casos, os riscos são maiores. Se o preço dessas criptomoedas cair com força, os balanços podem se deteriorar a ponto de comprometer a solvência das empresas.
Esse é o ponto em que o chamado “efeito Strategy” se transforma em uma bola de neve. Um mercado já pressionado passa a lidar com o medo coletivo de empresas que imitaram o modelo sem ter condições reais de sustentação. Assim, a chance de liquidações forçadas cresce, e o impacto pode gerar ainda mais pressão vendedora sobre o bitcoin.
Caso esse movimento se intensifique, empresas mais frágeis podem ser obrigadas a vender suas reservas para cobrir gastos ou responder a chamadas de margem. Essa onda de vendas provocaria uma pressão adicional no mercado, justamente no momento em que a narrativa da tesouraria corporativa mais precisa de estabilidade.
Por isso, a queda da Strategy abaixo do valor de seu bitcoin não pode ser tratada como algo isolado. Se o mercado não recuperar a confiança rapidamente, o episódio pode virar o ponto de virada para um ciclo de medo que ameaça toda a tese de uso do BTC como ativo de reserva corporativa. O maior risco não está na Strategy, mas na reação em cadeia que seu tropeço pode desencadear.


