Em meio ao crescente entrelaçamento entre os sistemas financeiros tradicionais e a economia cripto, surge uma questão intrigante: como evoluirão e se expandirão a Tether e a Circle, os maiores emissores de stablecoins denominadas em dólares americanos?
Até agora, esses gigantes do mercado cripto têm trilhado caminhos diferentes.
A Circle, que se autodenomina a opção amigável à conformidade, ecoa os apelos de muitos reguladores por uma coordenação global. Já a Tether adotou uma abordagem prática e reativa, flexível para se adaptar a variações nacionais, especialmente no combate ao crime.
“É importante que as regras sobre stablecoins sejam harmonizadas, não fragmentadas”, afirmou Dante Disparte, chefe de política global e diretor estratégico da Circle, em entrevista.
Enquanto a Circle defende uma coordenação global, a Tether enxerga o mercado de stablecoins à imagem do Eurodólar, onde os depósitos estão fora dos Estados Unidos e, portanto, não estão sujeitos à regulamentação dos EUA.
Tether e USDC
“Embora a Tether não atenda clientes dos EUA e não tenha a intenção de fazê-lo, ela se voluntaria para trabalhar com autoridades dos EUA, como o FBI e o Departamento de Justiça, assim como cerca de 40 forças policiais ao redor do mundo”, afirmou o CEO Paolo Ardoino.
A rapidez no combate ao crime é uma fonte de frustração para a indústria cripto, segundo Ardoino. Ele destaca que a Tether adota uma abordagem proativa, colaborando diretamente com as autoridades policiais, evitando assim um processo judicial demorado.
Ambas as empresas têm enfrentado suas próprias dificuldades. Muito se tem escrito sobre a integridade da Tether (USDT), a maior stablecoin, com um valor de mercado atual de US$ 107 bilhões. A Circle, cujo USDC é um terço do tamanho da Tether e possui laços com o sistema bancário dos EUA, passou por momentos difíceis durante o colapso do Silicon Valley Bank em 2023.
O contraste entre a abordagem da Circle, alinhada aos valores financeiros tradicionais, e a postura reativa da Tether diante dos desafios da cripto é ilustrado em suas reflexões sobre o colapso do UST da Terra e sua moeda lastreadora, Luna.
“É lamentável ver os próprios erros da cripto e como ela adquiriu um histórico manchado para uma indústria relativamente jovem”, lamentou Disparte.