- Estudo da Columbia aponta que 25% das negociações da Polymarket são falsas.
- Em 2024, quase 60% do volume semanal foi wash trading.
- Rede com 43 mil carteiras simulou US$ 1 milhão em operações.
Um estudo da Universidade de Columbia revelou que até 25% do volume da Polymarket seria manipulado.
A pesquisa aponta indícios de wash trading e redes coordenadas de carteiras.
Volume inflado e indícios de manipulação
A Polymarket, uma das principais plataformas de apostas em blockchain, pode estar inflando parte de seu volume de negociações.
Pesquisadores da Universidade de Columbia identificaram que até 25% das transações realizadas nos últimos três anos envolvem wash trading — prática em que o mesmo operador compra e vende ativos para si mesmo, simulando liquidez e atividade de mercado.
O relatório, intitulado Network-Based Detection of Wash-Trading, registrou atividade intensa entre julho de 2024 e abril de 2025. Durante esse período, quase 60% do volume semanal da Polymarket foi manipulado. Depois disso, a prática diminuiu, mas posteriormente voltou a crescer em outubro de 2025, representando cerca de 20% do total.
“Esperamos, contudo, que a Polymarket receba nossa análise de forma construtiva”, afirmou Yash Kanoria, professor da Universidade de Columbia e coautor do estudo, em entrevista à Bloomberg.
Rede coordenada e vulnerabilidades no sistema
Os pesquisadores também mapearam redes coordenadas com dezenas de milhares de carteiras que repetiam transações entre si. Em um dos grupos analisados, mais de 43 mil endereços movimentaram aproximadamente US$ 1 milhão em negociações artificiais.
Além disso, o estudo destaca que a ausência de KYC (verificação de identidade) e as baixas taxas de transação tornam a plataforma ainda mais vulnerável à manipulação.
Por isso, a expectativa por um possível token próprio pode ter incentivado parte do volume falso, já que muitos usuários buscavam recompensas baseadas em sua atividade. Dessa forma, a plataforma cria incentivos que podem gerar comportamentos artificiais.
Impactos e reações
Nos Estados Unidos, o wash trading é ilegal porque cria uma falsa percepção de liquidez e engana investidores. Mesmo assim, a prática continua comum no mercado cripto. Em 2023, um relatório da Solidus Labs já havia revelado que 70% das exchanges descentralizadas analisadas apresentavam sinais do mesmo tipo de manipulação.
Essas novas evidências, portanto, ampliam as dúvidas sobre a credibilidade dos mercados de previsão em blockchain. Além disso, ao distorcer métricas, o wash trading mina a confiança de investidores e reguladores. Consequentemente, dificulta a expansão e a adoção do setor.
Risco à confiança
O estudo da Universidade de Columbia reforça, dessa forma, a necessidade urgente de mecanismos antifraude e maior transparência nas plataformas descentralizadas.
Caso contrário, o crescimento do setor pode ser comprometido por práticas que simulam sucesso, enquanto, ao mesmo tempo, enfraquecem o principal ativo do mercado cripto: a confiança.
