- BlackRock perde bilhões após fundo priorizar sustentabilidade nos investimentos
- PFZW rompe contrato e pressiona gigantes da gestão de ativos
- Sustentabilidade redefine mandatos e afasta gestores dos EUA
A maior gestora de ativos do mundo, a BlackRock, perdeu US$ 34 bilhões em mandatos após o PFZW, fundo de pensão holandês, revisar sua política de investimentos. A medida foi um dos movimentos mais expressivos do setor recentemente e coloca pressão na gestora para lidar com a crescente ênfase em sustentabilidade.
O PFZW confirmou que não renovou contratos com a BlackRock, assim como com a LGIM, outra gigante da indústria. Embora parte dos recursos ainda permaneça em um fundo do mercado monetário da BlackRock, a mudança ficou clara: é estratégica e duradoura.
Dados do ESGToday apontam que o mandato da BlackRock valia cerca de US$ 16,4 bilhões no início do ano, enquanto o da LGIM chegava a US$ 17,6 bilhões. O corte representa uma alteração significativa no mapa de gestão de ativos na Europa.
Estratégia baseada em sustentabilidade
O fundo de pensão deixou claro que está implementando uma nova diretriz. A Política de Investimento 2030 busca equilibrar retorno financeiro, risco e sustentabilidade em todos os ativos sob gestão.
O PFZW afirmou que o objetivo é trabalhar com gestores que “compartilhem nossas ambições de sustentabilidade“. A decisão foi tomada em parceria com a PGGM, responsável por executar a estratégia do fundo.
De acordo com Sander van Stijn, chefe de gestão de mandatos da PGGM, nem todos os gestores internacionais atendem a esses critérios. Ele destacou que parte das instituições, sobretudo nos Estados Unidos, não adota a mesma visão sobre investimento responsável, o que cria barreiras de alinhamento.
Impactos no mercado global
O movimento da PFZW não é isolado. Outro fundo holandês, o PME, já havia criticado gestores americanos por “cederem a pressões políticas” e enfraquecerem princípios de investimento responsável. A crítica mencionava o contexto da gestão de Donald Trump.
Daan Spaargaren, estrategista sênior do PME, disse que gestores nos Estados Unidos não costumam condenar ações políticas que afetam temas como mudanças climáticas e a independência do judiciário. Essa postura, segundo ele, gera desconfiança e pode influenciar decisões futuras sobre onde alocar recursos.
Para a BlackRock, a saída do PFZW significa não apenas a perda imediata de bilhões em ativos sob gestão, mas também um sinal claro de que a sustentabilidade virou fator central na seleção de gestores na Europa. O impacto vai além das finanças e aponta uma mudança cultural nos critérios de investimento institucional.