- Vitalik defende renda estável para Ethereum com DeFi seguro.
- Comunidade debate entre valores culturais e sustentabilidade econômica.
- Rede pode superar Google ao alinhar ética e receita.
O cofundador do Ethereum, Vitalik Buterin, reacendeu um debate importante na comunidade cripto. Em um novo artigo, ele defendeu que protocolos de finanças descentralizadas (DeFi) de baixo risco poderiam ser a chave para garantir a sustentabilidade econômica da rede. Para Buterin, esse modelo teria um papel semelhante ao do Google Search dentro da gigante de tecnologia. Assim, sustentando financeiramente um ecossistema muito maior.
Nos últimos anos, o Ethereum cresceu apoiado em setores como NFTs, memecoins e especulação. No entanto, esses segmentos não conseguiram oferecer estabilidade de longo prazo. Enquanto isso, aplicativos que refletem os valores culturais e éticos do Ethereum — como descentralização e inclusão — ainda lutam para atrair uso em massa ou gerar taxas significativas.
Buterin observou que essa dissonância interna gera tensão na comunidade: de um lado, a busca por inovação e impacto social; de outro, a necessidade de fontes de receita sólidas. Para ele, protocolos de empréstimo de stablecoins com taxas próximas de 5% para ativos como USDT e USDC, e até 10% em tokens de maior risco, podem servir como base de receita previsível.
Assim, Ethereum poderia garantir autossuficiência financeira sem abrir mão dos princípios que atraíram milhões de desenvolvedores e usuários desde sua criação.
Paralelo com o Google e críticas ao modelo atual do Ethereum
Buterin comparou o cenário ao da Google, que obtém a maior parte de sua receita em buscas e anúncios, mesmo investindo em várias outras áreas. Como, por exemplo, celulares Pixel, navegadores Chromium e inteligência artificial. Ele ressaltou que muitas dessas iniciativas geram valor, mas não sustentam financeiramente a empresa.
Na visão do cofundador, o Ethereum pode ir além. Diferente da Google, que depende da publicidade e coleta massiva de dados, a rede descentralizada poderia alinhar receita com ética. Isso permitiria que protocolos estáveis financiem inovações sem comprometer valores fundamentais.
Esse posicionamento ganha força em um momento em que o valor total bloqueado em DeFi na criptomoeda ultrapassou US$ 100 bilhões. Retomando níveis não vistos desde 2022. O avanço reforça que o mercado voltou a confiar na rede após o duro impacto do último ciclo de baixa.
Buterin também destacou que o gerador de receita do Ethereum não precisa ser revolucionário, mas deve evitar práticas antiéticas ou constrangedoras. Em sua visão, soluções como flatcoins — tokens atrelados a índices de preços ao consumidor — e ativos que acompanhem diferentes moedas podem ampliar a utilidade da rede.
Ele ainda fez críticas ao modelo de incentivo do Google, que privilegia anúncios. Segundo ele, isso empurra a empresa para práticas que entram em choque com o ethos inicial da internet aberta.
No campo regulatório, a discussão coincide com avanços como o Digital Asset Market Clarity Act. Esta é uma legislação que pode acelerar a adoção global do DeFi. Pesquisas recentes mostram que mais de 40% dos americanos aceitariam usar serviços descentralizados se houvesse maior clareza legal.