* Swift traz blockchain ao centro dos pagamentos globais.
* Ethereum ganha força com apoio de 30 bancos.
* Stablecoins podem perder espaço no sistema financeiro.
A rede global de mensagens financeiras Swift anunciou a criação de uma rede de pagamentos baseada em Ethereum, em parceria com a Consensys. Esta empresa é responsável pela carteira MetaMask e pela rede de segunda camada Línea. O anúncio ocorreu durante a conferência Sibos, em Frankfurt, mobilizando 30 grandes instituições financeiras internacionais.
De acordo a entidade, o projeto funcionará como um protótipo de livro contábil digital. Ele será capaz de registrar, validar e sequenciar transações por meio de contratos inteligentes. A ideia é garantir a interoperabilidade entre sistemas financeiros existentes e novas infraestruturas. Assim, ampliaria o alcance de pagamentos transfronteiriços em tempo real.
Entre os bancos participantes estão Bank of America, BBVA, Citi, Deutsche Bank, HSBC e JP Morgan Chase, que contribuem com feedback técnico para o desenho da rede. O projeto também inclui instituições como BNP Paribas e Standard Chartered, que destacaram ganhos de eficiência e transparência para operações 24 horas por dia.
Dessa forma, a inovação foi apresentada como parte de uma estratégia dupla. De um lado, Swift mantém os trilhos de pagamentos em moedas fiduciárias já consolidados. Do outro, avança na criação de novos rieles digitais baseados em blockchain, que podem representar uma alternativa direta ao uso de stablecoins no comércio global.

Swift e Ethereum
Assim, um dos pontos mais ressaltados pela Swift é a capacidade de integrar sistemas privados e públicos, como a XRPL institucional. As redes Ethereum e Línea também seriam integradas. Essa flexibilidade permitiria que bancos tradicionais liquidassem valores regulados em tempo real, sem depender exclusivamente de tokens privados.
Eva Rubio, chefe de banca transacional global do BBVA, destacou que a plataforma pode desbloquear “novas eficiências e oportunidades” para clientes corporativos. Já Nigel Dobson, do ANZ, classificou a iniciativa como um “passo pivotal” rumo a transações globais instantâneas e sempre ativas.
Desse modo, o avanço da Swift coloca em discussão o futuro das stablecoins. Elas são usadas atualmente como principal mecanismo de liquidação digital em dólar e outras moedas. Com a adoção de uma rede blockchain institucional, bancos poderiam reduzir a dependência de emissores privados. Além disso, ganhariam maior segurança regulatória.
Assim, para Brigitte Réthier, executiva do Commerzbank, a integração do blockchain no coração da Swift “representa um grande avanço para os pagamentos internacionais”. Já o CEO da Swift, Javier Pérez-Tasso, afirmou que a rede está “abrindo caminho para elevar a experiência de pagamentos ao próximo nível”.
A Swift conecta hoje mais de 11.000 instituições em 200 países, sendo peça central do sistema financeiro global. Sua entrada no universo blockchain mostra que a pressão por modernização e digitalização das finanças chegou a um ponto de não retorno.