- Stablecoins superam US$ 300 bi e reduzem domínio da Tether
- Regulamentação e novas redes impulsionam adoção global das stablecoins
- Fintechs e exchanges lançam tokens para capturar rendimentos próprios
O mercado de stablecoins atingiu um marco histórico no início de outubro, ultrapassando US$ 300 bilhões em capitalização total, segundo dados da DeFiLlama. O salto reflete uma nova fase no ecossistema cripto, impulsionada pela entrada de dezenas de emissores que ampliam a competição e diversificam as opções disponíveis.
Essa expansão representa uma disputa direta pelo domínio da Tether, líder do setor desde 2014, mas agora pressionada por concorrentes com propostas mais transparentes e rendimentos atrativos. Porém, o cenário indica um amadurecimento do mercado, com investidores buscando alternativas mais estáveis e reguladas dentro do universo digital.
Um mercado em transformação acelerada
O crescimento das stablecoins foi explosivo no último ano. Hoje, existem quase 300 projetos ativos em diferentes blockchains, bem mais do que os poucos emissores que comandaram os ciclos anteriores. Além disso, essa expansão fragmentou o poder da Tether, cuja participação caiu de 86% em 2020 para 58,4% em 2025, enquanto a Circle ampliou seu espaço de 7% para 25% no mesmo período.
Nic Carter, sócio da Castle Island, afirmou no X que o “duopólio das stablecoins está acabando”. Para ele, fintechs, exchanges e carteiras digitais estão lançando seus próprios tokens para capturar rendimentos que antes ficavam concentrados nas mãos das grandes emissoras.
“Se você tem US$ 500 milhões parados em USDT, a Tether lucra milhões, e você nada”, comentou.
Na prática, os números confirmam o cenário. Na Binance, os usuários mantêm cerca de US$ 30 bilhões em USDT e US$ 7 bilhões em USDC. Já na Bybit, a stablecoin USDe da Ethena vem ganhando tração, somando US$ 800 milhões.
Rede, regulamentação e novos players
Segundo Chiara Munaretto, do Stablecoin Insider, o crescimento atual resulta de um “efeito de rede em movimento”. Para ela, cada nova integração entre bancos, plataformas e stablecoins valida o modelo e amplia a confiança.
“Mais adoção gera mais liquidez e incentiva mais empresas a entrarem”, afirmou.
O executivo Eneko Knorr, da Stabolut, destacou outro fator decisivo, o envolvimento de grandes empresas tradicionais. Além disso, ele lembrou que as stablecoins simplificam transferências internacionais, eliminando custos e atrasos bancários.
“As pessoas finalmente entenderam que enviar dinheiro pode ser rápido e barato”, disse.
Já Anurag Arjun, cofundador da Avail, apontou a segurança jurídica trazida pelas Leis GENIUS e CLARITY como o verdadeiro divisor de águas.
“Essas normas removeram as zonas cinzentas sobre emissão e pagamentos, transformando as stablecoins em instrumentos financeiros legítimos e interoperáveis”, afirmou.
O avanço técnico também acelera essa transição. Novas redes de Camada 1, como Arc (Circle), Tempo (Paradigm) e Plasma (Bitfinex), estão criando infraestruturas que prometem reduzir custos e aumentar a velocidade dos pagamentos globais.
Porém, os analistas da Keyrock estimam que, em poucos anos, as stablecoins poderão capturar até 12% dos fluxos internacionais, tornando-se uma alternativa real ao sistema bancário tradicional.
O domínio da Tether, embora ainda expressivo, nunca esteve tão ameaçado. A nova corrida das stablecoins mostra que a próxima fase da revolução financeira digital já começou, e ela fala a língua da estabilidade.