- Mineradores vendem BTC e pressionam o mercado em queda
- Lucro da mineração despenca após o halving de abril
- Setor aposta em IA para compensar margens reduzidas
Os mineradores de Bitcoin enfrentam um dos períodos mais críticos desde o halving de abril. Com a queda de cerca de US$ 19 bilhões no mercado cripto, a pressão financeira chegou ao limite. Nos últimos dias, grandes quantidades de BTC foram enviadas para corretoras, sinalizando uma possível onda de liquidação que ameaça o equilíbrio do setor.
Dados da CryptoQuant mostram que, entre 9 e 15 de outubro, mineradores transferiram 51.000 BTC, cerca de US$ 5,6 bilhões, para a Binance, a maior movimentação desde 2024. Analistas dizem que o fluxo crescente representa desespero financeiro e a necessidade de cobrir custos ou quitar empréstimos diante da compressão nas margens.

Margens evaporam e o otimismo pós-halving desaparece
Durante boa parte de 2025, o sentimento entre mineradores era de otimismo. Após o halving, muitos esperavam que o preço do Bitcoin disparasse, sustentando operações com custos cada vez maiores. Mas o cenário mudou rápido. A dificuldade de mineração atingiu níveis recordes, enquanto as recompensas por bloco caíram para 3,125 BTC, reduzindo drasticamente o retorno por energia e hardware utilizados.
Segundo o Hashrate Index, a receita média caiu para US$ 45 por terahash, o menor patamar desde 2020. Além disso, as taxas de transação despencaram ao nível mais baixo desde 2010, um golpe direto na lucratividade das mineradoras.
Os mineradores não podem ignorar as taxas para sempre, elas serão a principal fonte de renda, afirmou Jaran Mellerund, analista de mineração. Essa mudança estrutural reforça que o modelo econômico do Bitcoin precisa evoluir, especialmente diante da competição por energia e infraestrutura.
Mineradoras apostam na IA para sobreviver
Com os lucros em queda, grandes operadoras estão migrando parte de seus data centers para o setor de inteligência artificial. Empresas que antes construíam instalações para minerar Bitcoin agora as alugam para computação de alto desempenho, garantindo retornos mais previsíveis e lucrativos.
A Hashlabs estima que uma instalação de 1 megawatt gere cerca de US$ 896 mil por ano com Bitcoin, mas até US$ 1,46 milhão com IA.
“A mesma infraestrutura que impulsionou o Bitcoin agora impulsiona o aprendizado de máquina”, disse Nico Smid, da Digital Mining Solutions. “Ambos os setores dependem de energia e dados.”
O efeito imediato é claro, a venda em massa de mineradores aumenta a pressão sobre o mercado. No entanto, a longo prazo, essa transformação pode redefinir a mineração, transformando-a em hubs híbridos que unem IA e blockchain. Se essa tendência se consolidar, o futuro do Bitcoin poderá ser moldado não apenas por blocos e taxas, mas também pela inteligência artificial que o ajuda a sobreviver.