- Solana Saga encerra ciclo de dois anos com vendas decepcionantes.
- Solana foca em blockchain após fracasso de seu smartphone Web3.
- Memecoins tornaram o Saga mais valioso lacrado do que em uso.
A Solana Mobile anunciou oficialmente o fim do suporte ao seu celular Saga, marcando o encerramento precoce de um projeto que prometia revolucionar o mercado de smartphones integrados ao blockchain. A decisão encerra as atualizações de software e segurança do aparelho lançado em maio de 2023. Isso confirma o que analistas já chamavam de “o primeiro fracasso comercial da rede Solana”.
O comunicado publicado no site da empresa indica que usuários não receberão mais correções de segurança nem atualizações de firmware. Isso deixará os dispositivos vulneráveis a falhas e incompatibilidades futuras.
A equipe informou que o suporte será restrito apenas a dúvidas gerais. Eles eliminarão qualquer assistência técnica ativa. Assim, o Saga encerra seu ciclo de vida em apenas dois anos. É um período curto quando comparado aos cinco ou sete anos de suporte oferecidos por Apple e Google.
O Saga nasceu com ambição. Apresentado como o primeiro celular com carteira cripto integrada e acesso direto a aplicativos descentralizados, o aparelho buscava libertar os usuários das restrições das grandes lojas de aplicativos. Produzido pela OSOM, uma fabricante da Califórnia, o projeto contava com o respaldo da Solana Labs. Eles esperavam transformar o smartphone em uma vitrine para o ecossistema Web3.
Mas o público não respondeu como esperado. O preço inicial de US$ 1.000 espantou consumidores e forçou uma redução para US$ 599 poucos meses depois. Mesmo assim, apenas 20 mil unidades foram vendidas, bem abaixo da meta de 50 mil. O resultado expôs os limites da adoção de produtos blockchain fora do universo dos entusiastas.
Fracasso da Solana
Apesar do fracasso comercial, o Saga teve um efeito curioso no mercado cripto. Cada aparelho vinha com uma carteira digital pré-instalada, usada por desenvolvedores para distribuir tokens e recompensas a usuários. No auge da febre dos memecoins em 2023, muitos desses tokens se valorizaram a ponto de superar o preço do próprio celular. Modelos lacrados passaram a ser negociados por até três vezes o valor original em sites de revenda.
Enquanto o projeto de hardware chega ao fim, o token SOL da Solana mantém força no mercado. Cotado a US$ 194,21 e com valor de mercado superior a US$ 106 bilhões, o ativo ainda desperta otimismo entre analistas.
De acordo com o analista Daniel Ramsey, a Solana permanece consolidada abaixo da zona de resistência entre US$ 210 e US$ 250 há quase 600 dias. Ele acredita que uma quebra acima de US$ 250 pode levar o preço a US$ 400 ou até US$ 450. Isso ocorrerá desde que o ativo continue sustentando a base de US$ 145.
Mesmo sem o Saga, a rede segue como uma das mais rápidas e baratas do setor. O fracasso do celular, segundo especialistas, não afeta a solidez tecnológica da Solana, mas serve como lição sobre os riscos de apostar em produtos físicos num mercado dominado por soluções digitais.