- Bitfarms encerra mineração e aposta tudo em inteligência artificial
- Ações despencam após anúncio de conversão das operações
- Mercado reage com cautela diante da nova estratégia corporativa
A Bitfarms vive um momento delicado após confirmar que encerrará toda a mineração de Bitcoin nos próximos dois anos. A empresa pretende transformar suas instalações em centros de dados focados em inteligência artificial, marcando uma mudança profunda em seu modelo de negócio.
A decisão, considerada ousada e arriscada, provocou uma queda imediata de 18% nas ações, ampliando a preocupação dos investidores. Muitos enxergam a transição como um movimento necessário, mas repleto de incertezas sobre a capacidade da companhia de competir no mercado de computação avançada.
Bitfarms inicia transição para IA
A empresa afirmou que iniciará a conversão pela unidade localizada em Washington, nos Estados Unidos. O local opera com 18 megawatts dedicados à mineração e será totalmente adaptado para suportar operações de IA e computação de alto desempenho até dezembro de 2026. A direção acredita que a migração pode gerar mais receita do que toda a operação de mineração já produziu.
Apesar da turbulência, executivos reforçaram que a mudança responde à pressão crescente do setor. Eles explicaram que os custos da mineração aumentam, enquanto a rentabilidade diminui, especialmente após os últimos ajustes de dificuldade da rede. Por isso, a empresa segue os concorrentes e migra para serviços de GPU, nicho que cresce de forma acelerada.
Setor reage e expectativas mudam
O anúncio ocorre em meio a movimentos semelhantes de outras mineradoras. No início de novembro, a IREN fechou um contrato de US$ 9,7 bilhões com a Microsoft, garantindo acesso à sua capacidade de computação com IA. Esse tipo de acordo reforça uma tendência clara: os mineradores buscam novos mercados para sobreviver ao ambiente cada vez mais competitivo do Bitcoin.
Ben Gagnon, CEO da Bitfarms, afirmou que mineradores públicos devem migrar para regiões com energia mais barata, já que a mineração exige custos menores e maior eficiência. Ele destacou que operações crescem no Oriente Médio, África e Rússia, onde energia eleva riscos mas amplia retornos.
Durante uma teleconferência, Gagnon explicou que a IA oferece margens mais atrativas e que a melhor estratégia é antecipar o fluxo de caixa das operações atuais e reinvestir em computação de alto desempenho. Para ele, mudar a mineração para outros países seria caro e ineficiente, além de não trazer benefícios equivalentes.
A empresa divulgou também seus resultados trimestrais. A Bitfarms registrou prejuízo líquido de US$ 46 milhões, superando o prejuízo do ano anterior e decepcionando o mercado. A receita subiu 156%, chegando a US$ 69 milhões, mas ainda ficou abaixo das estimativas. A produção total do período atingiu 520 BTC, com custo médio de US$ 48.200 por unidade.
A reação do mercado foi imediata. As ações da Bitfarms caíram para US$ 2,60 ao final do pregão, ampliando as perdas no after-market. O colapso reflete a incerteza sobre o futuro da empresa, que agora aposta todas as fichas em um setor diferente, competitivo e cada vez mais disputado.

A Bitfarms entra em uma nova era, mas o mercado ainda não decidiu se essa mudança representa uma saída estratégica ou um salto arriscado em direção ao desconhecido.

