- Bitcoin: queda parece pausa, não fim de ciclo.
- ETFs absorvem vendas e estabilizam o mercado.
- Instituições seguem acumulando Bitcoin com força.
A queda recente do Bitcoin reacendeu debates intensos no mercado. Muitos investidores enxergam sinais de alerta, enquanto outros defendem que o movimento abre espaço para novas entradas. A divergência nasce porque o preço caiu após atingir recordes no início do trimestre, criando um clima de incerteza que lembra momentos antigos do ciclo. Mesmo assim, a análise da Bernstein indica que o cenário atual não repete padrões de topo. A consultoria afirma que a queda funciona apenas como um recuo de meio de ciclo, e não como o fim de um mercado de alta.
Esse entendimento muda completamente a leitura do momento. A queda assustou investidores de varejo, mas instituições continuam acumulando posições de forma constante. Essa mudança de perfil importa porque os novos compradores preferem estratégias de longo prazo e não reagem imediatamente à volatilidade. Como resultado, a pressão de venda não desmonta a estrutura do mercado, mesmo com liquidações relevantes vindas de detentores de longo prazo.
A Bernstein destaca que holders com mais de um ano de posse venderam centenas de milhares de bitcoins nos últimos meses. Em ciclos antigos, esse tipo de movimento derrubava preços rapidamente porque não havia demanda suficiente para absorver a oferta. Agora, porém, os ETFs à vista e as tesourarias corporativas compram praticamente tudo que chega ao mercado, evitando quedas descontroladas. Assim, a consultoria argumenta que a dinâmica atual impede colapsos semelhantes aos de 2013, 2017 ou 2021.
Além disso, o comportamento dos investidores mostra que o medo atual se apoia mais em memórias do passado do que em fatos concretos. A narrativa de que 2025 precisa repetir anos anteriores ganhou força e criou um reflexo automático. Traders acreditam que um grande topo sempre exige uma queda abrupta, então vendem antes mesmo de uma confirmação. Esse movimento coletivo transforma superstição em tendência aparente, alimentando pânico sem fundamentos.
Queda do Bitcoin
O sentimento ainda piorou por causa dos rumores envolvendo a Strategy, antiga MicroStrategy. Muitos acreditam que a empresa precisaria vender parte de seu enorme estoque de Bitcoin para aliviar riscos de balanço. A Bernstein, no entanto, descarta completamente essa hipótese.
A consultoria explica que a alavancagem da empresa permanece modesta, que os dividendos continuam sustentáveis e que a administração reforça publicamente seu compromisso com a acumulação de longo prazo. Dessa forma, não existe pressão real para vendas emergenciais.
No panorama mais amplo, a presença institucional continua crescendo. Os ETFs de Bitcoin já administram mais de US$ 125 bilhões, mesmo com algumas semanas de saídas pontuais. Paralelamente, empresas ligadas ao setor, como Coinbase, Robinhood, Figure e Circle, divulgaram resultados fortes. Esse conjunto reforça a tese de que o mercado atual não gira apenas em especulação, mas avança em direção a modelos de negócios mais sólidos.
A Bernstein acredita que o ponto mais relevante não é o preço momentâneo, mas sim o padrão de participação. O interesse de instituições, aliado ao apetite contínuo dos ETFs, sugere que a queda pode funcionar como preparação para uma nova fase de entrada de capital. Os analistas acompanham especialmente a zona dos 80 mil dólares, vista não como fronteira entre alta e baixa, mas como base para um novo movimento de expansão.
Assim, a consultoria mantém uma visão clara: nada indica que o ciclo atingiu seu pico. A queda atual parece mais uma pausa estratégica dentro de uma tendência maior impulsionada por investidores profissionais. Neste cenário, a pergunta “pânico, oportunidade ou risco?” ganha nova nuance. Para a Bernstein, a resposta está na construção lenta de um mercado institucionalizado, e não no medo de repetir fantasmas do passado.
