- Mercado acionário dos EUA dispara medo extremo e derruba criptos
- Spreads de crédito sobem e ampliam pressão sobre o Bitcoin
- Incerteza macroeconômica acelera vendas e intensifica volatilidade
A forte turbulência nas ações americanas provocou uma nova onda de pessimismo que arrastou o Bitcoin e todo o mercado de criptomoedas para um sentimento de “medo extremo”.
Após dias de instabilidade, os investidores assistiram a um movimento intenso de vendas na quinta-feira, quando o S&P 500 mergulhou quase 4% e eliminou trilhões em valor de mercado. Esse choque atingiu todos os ativos de risco e reacendeu temores sobre o cenário macroeconômico global.
Spreads de crédito sobem e aumentam a tensão
O impacto surgiu cedo, quando o mercado ignorou a recuperação inicial e ampliou as perdas. Até mesmo a Nvidia, que vinha sustentando o otimismo, devolveu ganhos e caiu mais de 8%. A reversão impressionou analistas, porque o movimento ecoou em praticamente todas as ações do índice.
A Bloomberg calculou que o mercado acionário americano perdeu mais de US$ 2,7 trilhões em poucas horas. Em paralelo, o valor total das criptomoedas recuou para pouco acima de US$ 3 trilhões, após uma queda de 7% no mesmo dia.
O clima piorou quando o sentimento despencou para a zona de medo extremo, mesmo com o S&P 500 ainda menos de 6% abaixo do pico recente. Esse contraste reforçou a ideia de que investidores reavaliam riscos de forma acelerada.
O Bitcoin sentiu imediatamente a pressão. A criptomoeda está cotada em US$ 83.200, o menor desde abril, enquanto as liquidações dispararam para US$ 829 milhões.

Os analistas atribuem parte dessa tempestade à divulgação do relatório de empregos de novembro, que trouxe dúvidas sobre o rumo da política monetária. Porém, especialistas destacam que o movimento parece mais mecânico que emocional.
Liquidez, opções e risco de crédito intensificam quedas
A governadora do Fed, Lisa Cook, alertou sobre riscos no crédito privado, e esse sinal ampliou temores de um estresse silencioso no sistema financeiro. Segundo analistas, o aumento dos spreads de crédito mostra que investidores enxergam maior probabilidade de inadimplência corporativa.
O pesquisador Tim Sun afirmou que esses spreads subiram apenas de forma moderada, mas lembra que o sentimento deteriorado amplifica qualquer sinal negativo. Sun explicou que muitos investidores compraram opções de venda para se proteger antes dos dados da Nvidia e do relatório de empregos. Quando a incerteza diminuiu, a volatilidade caiu rápido e pressionou formadores de mercado a vender posições, iniciando uma reação em cadeia.
Peter Chung, da Presto Research, disse que, se o risco no crédito privado se espalhar, o Fed pode reconsiderar um corte de juros em dezembro. Porém, a ferramenta FedWatch mostra que a chance caiu para apenas 35%, depois de quase certeza no mês anterior.
A incerteza domina o ambiente. Especialistas afirmam que a atual queda não representa um colapso estrutural, mas sim uma reprecificação macroeconômica diante de sinais mistos da economia americana. Mesmo assim, o mercado deve permanecer instável durante o fim do ano, impulsionado pelos rebalanceamentos de portfólio.
Para Lawrence Samantha, CEO da NOBI, investidores enfrentam muitas incógnitas simultaneamente. Quando isso acontece, afirmou ele, todos reduzem risco rapidamente. Ele lembra que sistemas automatizados também vendem nessas horas, criando um ciclo que aumenta o medo e derruba preços de forma brusca.

