Um novo estudo revelou crescimento na posse de criptomoedas na África, um indicador de que o continente pode estar maduro para a adoção das moedas digitais.
O Global Digital Report 2019 da Hootsuite, classifica a África do Sul como a principal nação do mundo com posse de moedas digitais, com 10% dos usuários de internet no país mantendo um interesse financeiro em criptomoedas. Enquanto a média global é de apenas 5%.
De acordo com o CEO da Modulus, Richard Gardner, este é o segundo indicador nas últimas semanas que mostra que a África está pronta para uma transição para as criptomoedas, e o continente pode servir como líder em termos de adoção antecipada. No início deste mês, a exchange de criptos Paxful, revelou o crescimento significativo do volume de transações dentro do continente.
“Esta nova pesquisa é a mais recente evidência de que os africanos estão adotando essa tecnologia emergente em ritmo acelerado. Existem fatores geopolíticos em jogo que se combinam para tornar o continente uma placa de petri ideal para a inovação dentro da indústria”, observou ele.
Também estão entre as 45 principais nações pesquisadas, Gana e Quênia, com respostas obtidas de usuários de internet entre 16 e 64 anos.
Por que os africanos estão adotando as criptos?
Gardner explicou ainda que as criptomoedas são atraentes apesar do setor ter uma volatilidade própria. Isso ocorre porque as moedas fiat em toda a África há muito vêm sendo fracas no mercado internacional, com o Rand Sul-Africano, o Dólar do Zimbábue, entre outros, lutando contra moedas alternativas.
E, depois, há a volatilidade encontrada nos sistemas monetários que aleijaram as economias dos mercados emergentes. Assim, muitos investidores na África têm procurado ativos digitais como forma de se proteger contra a inflação.
“Existe um talento significativo na África, especialmente no setor de tecnologia. A adoção de moedas digitais pode ter sido impulsionada pela circunstância, e qualquer pessoa que conte que a África está fora da corrida tecnológica, é prematura.”, acrescentou Gardner.
Desafios da adoção
Apesar do crescimento das criptomoedas na África, há vários desafios enfrentados pela ampla adoção de moedas digitais no continente.
Um dos problemas com o uso de moedas digitais é a insegurança, já que podem ser complexas demais para serem usadas, especialmente para indivíduos com pouca ou nenhuma alfabetização digital. Além disso, as economias africanas enfrentam acesso limitado à infraestrutura e regulamentação inadequada que leva a atividades fraudulentas no espaço on-line.
As moedas digitais oferecem soluções que exigem mudanças significativas ou a substituição completa dos sistemas existentes. Para fazer essa mudança, não apenas as instituições financeiras, mas todo o ecossistema precisa se preparar para a transição.
“Sim, há uma série de desafios que as economias em todo o continente enfrentam, incluindo o acesso à infraestrutura. Mas, como dizem, a necessidade é a mãe da inovação. Enquanto o mundo percebe que a tecnologia por trás das criptomoedas está aqui para ficar, a África pode estar numa posição privilegiada para atrair start-ups especiais. Obviamente, tal injeção em uma comunidade e economia teria ondulações de longo alcance.”, disse Gardner.
Embora seja difícil esperar uma ampla adoção de criptomoedas em um continente onde uma porcentagem significativa da população não tem contas bancárias, várias indicações mostram que as criptomoedas sobreviverão na África.