Eis que você é um investidor em criptomoedas e o CEO midiático de uma empresa diz que não vai mais aceitar Bitcoin.
“Tá”. E daí?
No dia 11 de maio o portal Bitnotícias postou a reportagem “Zuckerberg e o bode vs. Musk e o cachorro”.
O intuito da reportagem de fato não foi comparar quem tem mais “banca” para moldar o mercado cripto, mas sim, instruir investidores despreparados sobre as nuances deste frágil e desequilibrado mercado de renda variável.
No final da reportagem foi discutido de certa forma o poder que as personalidades do mundo cripto possuem sobre a variação de preço dos criptoativos.
Como se fosse uma premonição, menos de 48 horas após a publicação da reportagem acontece a presepada que lá estava entalhada.
É o mais simples poder da palavra que ludibria os fundamentos, e que traz o FOMO para a festa.
Após a derrocada de boa parte dos criptoativos só porque o Elon Musk não vai mais aceitar Bitcoin como forma de pagamento para veículos da Tesla, o mercado cripto estampou num outdoor a sua fragilidade.
Isso é ruim para o mercado e péssimo para o grande número de investidores que entra nele a cada dia, certo?
Errado!
A Tesla não mais aceitar Bitcoin é problema dela.
Mas como o mercado enxerga e reage a isso é o problema dele.
Assim vejamos:
Antes de mais nada, cabem as significantes perguntas:
Quantas pessoas compram carros da Tesla?
E quantos pagam ou pagariam com Bitcoin na atualidade?
Por acaso voê conhece alguém que tem um carro da Tesla?
Então, e daí?
De qualquer forma este assunto não é o primordial aqui.
Pois o primeiro ponto de discussão é que o Musk elevar ou derrubar o preço do DOGE não influencia o mercado como um todo.
Mas derrubar ou alavancar o preço do Bitcoin afeta o mercado como um todo.
E a culpa não é do Musk, mas sim, dos participantes do mercado.
O mercado cripto precisa crescer muito para não ser dependente de uma única criptomoeda.
E precisa crescer mais ainda para que atitudes desconexas de empresas que dizem entender alguma coisa sobre o assunto não influenciem o mercado em geral.
Ademais, essa única e imensa criptomoeda não deveria ser dependente de twittes ou postagens diversas nas redes sociais.
Mas é!
Só que existe toda uma história e um fundamento por trás do Bitcoin, que os participantes do mercado cripto pouco sabem ou se importam.
A criptomoeda é imensa.
Já a mentalidade de quem investe nela…!
Estes investidores transformam a tecnologia blockchain descentralizadora, inovadora e autônoma num meio de especulação capitalista.
Trata-se de uma manada de tolos que entram num mercado para fazer o ciclo habitual do dinheiro sair das mãos das sardinhas para as mãos das baleias.
Mas como explicar para um mercado alienado que o Bitcoin não nasceu na Tesla ou na SpaceX, ou em qualquer empresa do Elon Musk ou de quem quer que seja?
Como explicar um Dogecoin ou Shibacoin dando saltos exponenciais de lucro sem embasamento qualquer se não a tolice?
Basta pensar que há uma enxurrada de empresas e instituições financeiras privadas fazendo aportes de investimentos ou incluindo os criptoativos de forma usual em suas plataformas de serviços, que a atitude da Tesla vira pó.
E o que a venda de veículos pela Tesla impacta nisto?
Nada!
A rede Ethereum não deixou de aceitar tokens de protocolos, contratos inteligentes, ou tokens não fungíveis só porque a Tesla está dando desculpas políticas para parar de receber Bitcoin.
E mesmo assim um mercado tolo reagiu como se fosse um cisne negro os passos lúdicos de um magnata fanfarrão.
Dezenas de outros protocolos com fundamentos interessantes também sucumbiram à decisão singular de uma empresa que sequer fazia parte deste mercado há poucos meses!
Esse tal de mercado cripto é sim muito jovem, mas ele não quer saber a idade ou experiência do investidor que entra nele.
Muito menos se esse investidor vai ganhar ou perder dinheiro.
Os investidores que entram nele apenas deveriam saber seus fundamentos e seus riscos.
Caso não saibam, o problema é deles!
E tem a terceira parte, a dos reguladores e do poder estatal que adoram este tipo de ocasião para fazerem o que mais querem.
Inventar a mentira de que este mercado é perigoso e que precisa ser altamente regulamentado para “proteger” seus participantes.
E assim, enquanto o Estado procura cabelo em ovo para embasar sua prepotência e usurpar seus medos, os participantes do mercado cripto, torpes, vão lá dar subsídios ao Governo.
Para os “coiners” de verdade, idealistas, descentralizadores e anarquistas, a pergunta que surge para o passo que a Tesla deu é: E daí?
A nossa resposta é simples:
Tem sardinha demais neste aquário!