A CBDC do Brasil, o Real Digital, não será para o povo, segundo revelou ao jornal Valor Econômico o executivo do BC, Flavio Araujo. Segundo ele, a moeda digital nacional terá como foco as instituições financeiras.
No entanto, isso não significa que a população não poderá usar o Real Digital. De acordo com Araujo, a CBDC vai habilitar um amplo sistema de tokenização, contratos inteligentes e pagamentos para internet das coisas e a população irá participar deste sistema com stablecoins emitidas pelos bancos.
Portanto, basicamente, de acordo com Araujo, os bancos devem converter suas reservas, ou parte delas, em Real Digital. De posse do montante em CBDC a instituição poderá emitir stablecoins para seus clientes e estes, usar estas stablecoins dentro do sistema de contratos inteligentes do Real Digial.
“Como se garante que R$ 1 em depósito bancário vale uma nota de R$ 1? É a mesma estrutura regulatória, com as mesmas exigências de capital, que serão transpostas para os depósitos tokenizados. É só uma maneira diferente de registrar”, disse Araujo.
Ainda segundo o executivo do Banco Central, o sistema do Real Digital, terá uma ‘garantia’ contra hackers e, em alguns casos, a instituição financeira pode ser condenada a devolver o valor roubado do usuário caso seja identificado problemas nos contratos inteligentes ou custódia realizada pela instituição.
“Isso porque é papel do banco fazer o reconhecimento da identidade do cliente, seja a partir de biometria, senhas e inteligência artificial”, afirmou.
Real Digital
Araujo destacou ainda que proposta do Banco Central é que a CBDC seja liberada, ainda em versão de testes, em 2023. Porém, sua implementação só deve ocorrer em 2024 e 2025. A implementação deve ser feita por fases e não será realizada ‘de uma vez para toda a população.
Entre os casos de uso do Real Digital está o pagamento no ecossistema de internet das coisas.
“Por exemplo, toda vez que um veículo passar por um pedágio, o token (stablecoin do Real Digital emitida pelo Banco) com o valor correspondente à tarifa será transferido da carteira digital do carro (veículos e demais objetos conectados poderão iniciar pagamentos) para a concessionária. Hoje, isso já ocorre, mas por meio das gestoras de tags, que poderão ser dispensadas desse serviço”, afirmou o executivo do BC.