Na primeira parte da reportagem sobre ativos digitais não fungíveis o Bitnotícias abordou os satoshis não fungíveis da rede Bitcoin, mais conhecidos como Ordinals.
Entretanto, os Ordinals não são os primeiros ativos não fungíveis que surgiram dentro da principal rede de criptoativos do planeta.
Antes de surgirem as primeiras inscrições ordinais (Ordinals) dentro dos blocos em cadeia da rede Bitcoin, já existiam as moedas coloridas, ou ‘colored coins’.
Nesta segunda parte da reportagem sobre ativos digitais não fungíveis desenvolvido dentro de blockchains vamos abordar a origem deste segmento.
- Leia também: Bitcoin: Ordinals e Moedas Coloridas (Parte 1)
Os primeiros ativos digitais não fungíveis
Os ativos digitais não fungíveis são basicamente colecionáveis digitais que foram criados na rede Ethereum para armazenar conteúdo do tipo .jpeg, . text, .gif, ou .Wav, certo?
Errado!
De fato os ativos digitais não fungíveis não são apenas tokens colecionáveis, pois possuem outras tantas funções e características, mas o erro da frase não está nesta afirmação.
O erro está na parte em que diz que eles foram criados dentro da rede Ethereum.
Na verdade, quando os primeiros ativos digitais não fungíveis começaram a ser cunhados no ecossistema cripto a rede Ethereum e suas redes de segunda camada sequer existiam.
Tokens não fungíveis (NFTs)
Os tokens indivisíveis e não fungíveis dentro das blockchains ganharam o nome de NFT e cresceram em popularidade dentro da rede Ethereum.
Tal token, diferentemente dos fungíveis como o Bitcoin (BTC) e o Ether (Ethereum), representa uma outra classe de ativos digitais que estabelece a propriedade, via contrato inteligente, de um bem ou ativo digital ou físico.
Como a tecnologia blockchain voltada para o sistema financeiro é extremamente abrangente, esta criou uma forma de tokenizar ativos de todos os tipos de mercado e espécie, de certa forma, inclusive aqueles não fungíveis.
Na rede Ethereum, o maior ecossistema de NFTs do mercado cripto, a sua criação é dada através de um contrato inteligente que além de especificar as particularidades daquele token único, atesta sua legitimidade através de registro no livro-razão de sua blockchain.
Este token ‘mintado’ através deste contrato inteligente pode tanto representar um bem digital, como um item de uma coleção digital, ou de um bem físico, como um imóvel ou uma obra de arte, por exemplo.
Este modelo de construção de token não fungível através de contrato inteligente é prático, usual, específico, auto-executável, entre outras boas funcionalidades que fizeram que o primeiro modelo de token não fungível criado no mercado praticamente desaparecesse.
Mas estes tokens ainda existem, e estão presentes em praticamente todos os blocos minerados em sua blockchian.
Colored Coins da rede Bitcoin
As colored coins ou moedas coloridas foram o primeiro sistema de tokens não fungíveis criado dentro de uma blockchain.
À época de sua criação, que nos arremete a 2011-12, uma propriedade dentro do registro da blockchain permitiu que fossem cunhados Bitcoins exclusivos.
Devido a esta exclusividade esta criptomoeda (ou parte dela) se tornava não fungível, diferentemente dos demais Bitcoins minerados em um bloco.
Antes de mais nada cabe ressaltar que falamos em ‘Bitcoins’ não fungíveis, porém apenas pequenas frações de Bitcoin (portanto ‘satoshis’) eram e são usados para criarem tokens não fungíveis, ou melhor dizendo, Bitcoins coloridos (ou moedas coloridas) na rede.
Em seu início, um único satoshi podia ser ‘transformado’ em uma moeda colorida, algo que não é mais possível hoje em dia, conforme veremos adiante.
Moedas coloridas referem-se às formas de transações de Bitcoins usadas para registrar a criação, propriedade e transferência de ativos extrínsecos além do Bitcoin.
Apenas para constar, é como se estes ativos fossem registrados numa camada além do Bitcoin, de forma extrínseca, ao contrário do próprio Bitcoin que é armazenado direto em sua blockchain, portanto intrínseco.
As moedas coloridas são usadas na rede do Bitcoin para rastrearem ativos digitais, bem como ativos físicos, e negociados por meio de certificados de propriedade de moedas coloridas.
Estas moedas coloridas podem representar tanto ativos intangíveis, como uma propriedade virtual ou intelectual, por exemplo, e também ativos tangíveis, como por exemplo títulos de propriedade e certificados de commodities.
As moedas coloridas marcam uma quantidade nominal de satoshis para representar algo diferente do próprio valor do Bitcoin.
A primeira implementação de moedas coloridas, denominada Enhanced Padded-Order-Based Coloring (EPOBC), atribuiu ativos extrínsecos a uma saída de uma determinada quantidade de satoshi(s) adicionando um atributo de ‘cor’.
A ideia
Em dezembro de 2012 o presidente da Israeli Bitcoin Association, Meni Rosenfeld, escreveu o Artigo intitulado ‘Visão Geral das Moedas Coloridas’, onde detalhou o conceito de como usar a capacidade do Bitcoin de abrigar uma camada adicional de dados por meio de um tipo de conjunto de metadados que proveriam exclusividade a aquele Bitcoin.
Elas são basicamente Bitcoins regulares, mas com uma marca neles, que determina sua exclusividade e uso.
Esta exclusividade poderia trazer uma capacidade ao Bitcoin de representar não apenas um token fungível, mas também um não fungível.
Rosenfeld supôs uma variedade de aplicações para as moedas coloridas, como representarem ativos físicos e não físicos, substituir instrumentos financeiros, como ações ou títulos, ou mesmo ativos com juros.
Assim, as moedas coloridas são moedas com metadados gravados nos outputs de uma quantidade pequena de satoshis, e dessa forma, tais ativos possuem valor diferente de um ativo comum da rede (que neste caso é fungível aos demais).
A diferença entre os NFTs (como os da rede Ethereum) para as moedas coloridas da rede Bitcoin é que, enquanto os metadados são inseridos num conjunto de satoshis para designar uma característica não fungível a aquele ativo, na rede Ethereum estes metadados são inseridos dentro de um contrato inteligente.
Vitalik Buterin, ao criar a rede Ethereum e sua plataforma de contratos inteligentes, imaginou a inserção destes na criação de novos modelos econômicos, como as soluções de segunda camada.
Imaginou um sistema de finanças descentralizadas, que hoje conhecemos como DeFi.
Mas não imaginou a criação de tokens não fungíveis, como ele mesmo disse em 2021.
Em 2012 os desenvolvedores dentro da rede Bitcoin já vislumbravam a possibilidade da criação de novos tipos de criptoativos fungíveis dentro da rede, inclusive de tokens não fungíveis que poderiam representar ativos físicos e não físicos.
Assim escreveu Meni Rosenfeld:
‘Pelo design original, os Bitcoins são fungíveis, atuando como um meio neutro de troca. No entanto, ao rastrear cuidadosamente a origem de um determinado Bitcoin, é possível colorir um conjunto de moedas para distingui-lo do restante. Essas moedas podem ter propriedades especiais suportadas por um agente emissor ou um ponto de Schelling e ter valor independente do valor nominal dos Bitcoins subjacentes. Esses Bitcoins coloridos podem ser usados para moedas alternativas, certificados de commodities, propriedades inteligentes e outros instrumentos financeiros, como ações e títulos. Como os Bitcoins coloridos fazem uso da infraestrutura Bitcoin existente e podem ser armazenados e transferidos sem a necessidade de terceiros, e até mesmo serem trocados entre si em uma transação atômica, eles podem abrir caminho para a troca descentralizada de coisas que não são possíveis pelos métodos tradicionais’.
Durante os anos de 2014 a 2016 uma quantidade significativa de desenvolvimento e experimentação ocorreu em plataformas construídas sobre a blockchain do Bitcoin, mas as moedas coloridas não foram exaltadas.
Neste período surgiu a rede Ethereum, e desde então traçou-se o seu reinado sobre os demais protocolos de contratos inteligentes.
Isto porque os desenvolvedores da rede Bitcoin não vislumbravam que a blockchain do Bitcoin atuasse como um banco de dados para a criação de diversos tokens, por exemplo.
Muitos usuários do Bitcoin não gostaram da ideia de preencher o precioso espaço de um bloco da rede com tokens que representavam a propriedade das imagens.
Esse foi o início da mudança dos tokens não fungíveis de moedas coloridas para os NFTs criados principalmente na rede Ethereum.
Outro ponto é que a rede Bitcoin possuia limitações para o uso de ativos não fungíveis em grande escala, e com o advento da rede Ethereum e sua tecnologia de contratos inteligentes, a rede Bitcoin acabou ficando para trás.
Limitações
A idealização das moedas coloridas era a base de todo o sistema financeiro que atualmente existe no mercado cripto, sintetizado em sua maioria pelo cérebro da máquina virtual do Ethereum (EVM).
Assim escreveu Ron Gross, um programador israelense que ajudou a desenvolver as moedas coloridas:
‘As moedas coloridas são uma infraestrutura de gerenciamento de ativos distribuído que alavanca a infraestrutura Bitcoin, permitindo que indivíduos e empresas emitam várias classes de ativos’.
A ideia era ótima, porém, enfrentava resistências.
Bora desenvolver? Só que não!
Apesar de suas usabilidades, as moedas coloridas constituíam ativos distintos dentro da rede Bitcoin, cujo script era definido através de um conjunto de instruções que só podiam ser compreendidas por nós específicos e carteiras adaptadas para esse uso.
Esta foi a primeira limitação aparente das moedas coloridas, pois eram restritas em seu uso, uma vez que desenvolvedores teriam que criar novas ferramentas para a sua utilização em grande escala.
No exemplo citado, as moedas coloridas não eram compatíveis com as carteiras clássicas de bitcoin e exigiam nós modificados para a interpretação de seu código.
Para tanto esta tecnologia precisava de desenvolvedores, e eles não estavam muito interessados em evoluírem o ecossistema do Bitcoin neste sentido.
Assim disse o entusiasta das moedas coloridas, Alex Mizrahi, co-fundador e diretor de tecnologia (CTO) do protocolo ChromaWay, sobre a participação de desenvolvedores para esta tecnologia:
‘Acho muito improvável. O Bitcoin não aceita novos recursos, pelo que posso dizer’.
Ron Gross concordava com Mizrahi, e disse que ‘ao contrário do Bitcoin, um caminho claro para monetizar a infraestrutura de moedas coloridas ainda não surgiu. Portanto, há relativamente pouco incentivo para as pessoas trabalharem em projetos de moedas coloridas’.
Sim, nesta época já existia a certa mentalidade maximalista para o Bitcoin, onde os desenvolvedores não viam razão para expandir os fundamentos financeiros do protocolo Bitcoin.
Esta certa ‘letargia’ fez com que outros protocolos surgissem e ganhassem notoriedade neste segmento.
Nesta mesma época surgiu um outro protocolo financeiro de ativos digitais que começou a abocanhar este mercado desprezado pelos desenvolvedores do Bitcoin, uma vez que suas soluções apresentadas resolviam problemas semelhantes aos que as moedas coloridas resolveriam.
Estamos nos referindo ao XRP, da empresa Ripple, criado em 2012.
Patch contra poeira
Gavin Andresen propôs em abril de 2013 ‘uma solução rápida e segura para o manuseio de taxas de transação’ na rede Bitcoin.
A solução, que ficou conhecida como ‘patch anti-poeira’, fomentava que a rede deveria estabelecer uma saída mínima de satoshis em cada transação.
Valores abaixo desta quantidade mínima seriam consideradas como ‘saídas de poeira’, assim estariam fora do padrão e não seriam retransmitidas e executadas.
O autor relatou duas motivações para isso:
1 – ‘Desencorajar as pessoas de inchar as carteiras dos usuários e o conjunto UTXO com saídas minúsculas’.
2 – ‘Não temos ideia do que acontecerá com os preços do Bitcoin ou volume de transações / competição por espaço em blocos. Portanto, este patch permite que usuários e mineradores especifiquem as taxas mínimas de transação na inicialização’.
A proposta visava impedir que as pessoas enchessem o blockchain com muitas transações microscópicas.
O patch definia como ‘poeira antieconômica’ qualquer transação que usasse menos de 54,3 uBTC (ou 5.430 satoshis).
Esta imposição mínima fez com que a moeda colorida que poderia ser cunhada em apenas 1 satoshi, exigisse ao menos 5.430 satoshis em qualquer saída de transação.
Eventualmente pode-se achar que 5.430 satoshis é pouco, mas as moedas coloridas funcionam melhor com transações em montantes bem menores que este.
Portanto, isto dificultava a usabilidade das moedas coloridas.
Governos! Sempre eles!
Outra questão problemática sobre as moedas coloridas envolvia o mecanismo de crédito no que diz respeito ao seu elemento de confiança.
Para elas, a confiança teria que acontecer fora da blockchain, usando alguma espécie de sistema em separado.
Isto faria com que o protocolo Bitcoin fosse lá se meter num sistema centralizado e burocrático, regulamentado e explorado pelo Estado e pelo mercado tradicional.
Isso tiraria a autonomia destes patriarcas e o traria para um sistema descentralizado ao qual as instâncias financeiras e políticas perderiam o controle de ativos dos mercados tradicionais.
‘Se as moedas coloridas permitirem que as pessoas troquem Bitcoins como um substituto para qualquer coisa, elas podem nos levar a um mundo de problemas com governos já nervosos’, disse Mizrahi.
O próprio Vitalik Buterin, quando redator da Bitcoin Magazine, reportou o caso da exchange Global Bitcoin Stock Exchange e de seus fundadores, que foram perseguidos pelo Estado em 2012.
Mas cabe ponderar que parte desta perseguição era devida, devido às acusações de esquemas de lavagem de dinheiro e pirâmide financeira aplicados pela empresa.
Mas o que este caso tem a trazer é que quando Bitcoin e ações foram associados no passado, quando o Bitcoin ainda era desacreditado e incompreendido, este foi amplamente perseguido, o que vislumbrava mais problemas ao serem investidos esforços de desenvolvimento das moedas coloridas.
Nesta ocasião, Tamás Blummer, CEO da Bits of Proof, disse algo que anos depois foi realmente constatado: ‘as tensões são inevitáveis e serão ainda mais severas aqui. Acredito que o Bitcoin precisa subir na cadeia alimentar, primeiro visando áreas como financiamento coletivo antes de tentarmos atacar câmaras de compensação de ações’.
De fato, hoje o Bitcoin, os criptoativos e o mercado criptográfico estão sendo ‘mesclados’ de forma mais natural com o mercado tradicional.
Mas ainda enfrentam barreiras significativas como por exemplo o caso dos fundos negociados em bolsas de valores (ETFs) lastreados ao Bitcoin ou outra criptomoeda em seus preços à vista (spot).
É o caso específico da SEC norte-americana que insiste em não aprovar ETFs em criptomoedas no preço spot.
Ademais, as empresas cripto (em sua maioria exchanges) que tentaram negociar ativos pareados ao preço de ações comerciais foram impedidas de oferecerem tal tipo de investimento.
Solução
A ideia de usar as moedas coloridas era a de trazer mais funcionalidades e usabilidades à rede do Bitcoin.
Entretanto, devido às limitações algumas empresas criaram protocolos específicos para usar a tecnologia das moedas coloridas.
O mais conhecido deles foi o Mastercoin, que depois virou Omni.
A plataforma do Omni abrigou a primeira stablecoin do mercado, o Tether (USDT), que ainda hoje é produzido dentro da blockchain do Bitcoin, além de outras blockchains como a do Ethereum, por exemplo.
Outro protocolo foi o Bitcoinx, que propunha democratizar as finanças usando as moedas coloridas.
Outros protocolos usando o algoritmo SHA-256 surgiram e criaram moedas coloridas.
É o caso do protocolo Freicoin, desenvolvido por Mark Friedenbach, que criava as moedas coloridas chamadas de Friecoin Assets.
Friedenbach visionava que criar moedas coloridas dentro da blockchain do Bitcoin era problemático devido às altas taxas da rede.
‘Fizemos uma proposta que alcança tudo o que as pessoas querem das moedas coloridas. Vamos implementá-los no Freicoin e, em seguida, deixar o Freicoin ser basicamente o meio para trocar crédito e IOUs da mesma forma que o Bitcoin é para trocar dinheiro vivo’, disse Friedenbach à época.
Sua pretensão era grande, tanto que chegou a dizer que assim que o protocolo estive funcionando o Friecoin atingiria o ‘dimensionamento do Bitcoin’.
Adiante, Blummer criou um servidor específico de código aberto apenas para abrigar protocolos de moedas coloridas, o Bits of Proof.
Blummer apresentou seu projeto dizendo que ‘as moedas coloridas são uma camada lógica acima do protocolo principal do Bitcoin’.
O protocolo visava implementar extensões à rede Bitcoin, como uma segunda camada, e criar carteiras com reconhecimento para moedas coloridas.
Outro protocolo que surgiu à época foi o Armony, criado por Mizrahi e sua equipe.
A plataforma oferecia um modelo de gestão de carteiras e possibilitava a troca P2P de moedas coloridas.
Na mesma linha surgiu o protocolo WebcoinX, que criava uma plataforma de trocas P2P de moedas coloridas.
Discussão
A criação das moedas coloridas expandiu o conceito financeiro dos criptoativos.
Assim pontuou Blummer: ‘a vontade e a tecnologia estão aí. Se o Bitcoin quiser ir além das mundanidades da mineração e se transformar em algo mais sofisticado, ele precisa disso’.
Diante das limitações da rede e de certa forma a mentalidade de como o protocolo Bitcoin se desenvolvia, esta tecnologia ficou de certa forma estagnada.
Ao mesmo tempo, a usabilidade para a época era bastante restrita.
Com o surgimento da rede Ethereum e a tecnologia dos contratos inteligentes as moedas coloridas puderam ser simplificadas, e o mercado cripto exploraria suas amplas funcionalidades.
Assim, elas emergiram num novo formato, o qual conhecemos hoje como NFTs.
Atualmente há um certo uso ‘banal’ para eles, mas a mentalidade do mercado não visa apenas gerar imagens produzidas randomicamente e vendê-las no formato de ativos.
De fato, os protocolos que visaram construir comunidades através de coleções de NFTs prosperaram de uma forma alucinógena, que no mercado de alta chegou a valorizar certos NFTs de coleções em centenas de milhares de dólares.
Mas a usabilidade dos NFTs é muito maior que isso, e empresas estão os utilizando das mais variadas formas.
Quanto às moedas coloridas do protocolo Bitcoin, este seguiu seu caminho longe dos holofotes, e Blummer pontuou algo que fica como reflexão:
‘Bitcoin é dinheiro. Com moeda colorida, você fica com o resto’.