A indústria de criptomoedas continua a enfrentar desafios significativos devido à ação de hackers, sobretudo em um momento de grande agitação no mercado. Após registrar perdas de mais de US$ 300 milhões no primeiro trimestre, os prejuízos aceleraram ainda mais no segundo trimestre, à medida que mais pessoas entraram no mercado atraídas pelo hype.
De acordo com o relatório mais recente da plataforma de serviços de segurança web3 Immunefi, a indústria de criptomoedas perdeu mais de US$ 573 milhões devido a hacks e golpes no segundo trimestre do ano. Ao todo, foram 72 incidentes de segurança, conforme o levantamento.
Esses números representam um aumento de quase 70% em relação aos US$ 300 milhões roubados no primeiro trimestre. Além disso, corresponde a um aumento de 112% em comparação com o segundo trimestre de 2023. Naquele período, hackers e fraudadores roubara US$ 265,5 milhões.
No acumulado do ano, esses agentes maliciosos roubaram mais de US$ 900 milhões por meio de hacks e fraudes. Trata-se de um aumento de 24% em comparação com o ano passado, segundo dados da Immunefi.
Ataques, hacks e fraudes com criptomoedas
Tipicamente, a indústria DeFi (finanças descentralizadas) é a mais atingida por esses ataques. Isso porque é um setor lucrativo e possui uma expensa lista de exchanges descentralizadas. No relatório do primeiro trimestre, a Immunefi observou que DeFi foi responsável por 100% dos exploits. Contudo, este trimestre mostra uma mudança significativa nos alvos.
No segundo trimestre, o setor de finanças centralizadas (CeFi) emergiu como o principal alvo de hackers e golpistas. Esse segmento respondeu por 70% (US$ 401,4 milhões) das perdas do trimestre, em comparação com 30% (US$ 171,3 milhões) para DeFi.
A maior parte dessas perdas veio de dois grandes exploits, totalizando US$ 360 milhões, ou 62,8% das perdas totais. A plataforma japonesa de negociação de criptomoedas DMM Bitcoin foi a que mais sofreu. Afinal, registrou mais de US$ 305 milhões em perdas. A exchange turca BtcTurk completou o restante das perdas.
Comentando sobre o trimestre, o fundador e CEO da Immunefi, Mitchell Amador, disse:
“Este trimestre destaca como os compromissos de infraestrutura podem ser os hacks mais devastadores no setor cripto, pois um único compromisso pode levar a milhões em danos. Isso foi evidente neste trimestre, onde as perdas aumentaram principalmente devido a hacks direcionados à infraestrutura CeFi, superando DeFi, apesar de um menor número de hacks nesse setor. Medidas robustas para proteger a totalidade do ecossistema são cruciais.”
Maio foi o mês com as maiores perdas no segundo trimestre, totalizando US$ 358,5 milhões. Oferecendo algum alívio, US$ 28,7 milhões dos fundos roubados foram recuperados de quatro exploits: Bloom, ALEX Lab, Gala Games e YOLO Games, sugerindo que a recuperação de fundos foi um pouco mais eficaz neste trimestre.
Hackers dominam golpes de cripto
Hackers continuaram a ser a principal causa das perdas, responsáveis por 98,5% dos fundos roubados em 53 incidentes. Fraudes, golpes e rug pulls representaram aproximadamente US$ 9 milhões em perdas em 19 incidentes.
Mais uma vez, o Ethereum e a BNB Chain foram as duas redes mais visadas neste trimestre. O Ethereum experimentou o maior número de ataques individuais, com 34 incidentes, representando 46,6% das perdas nas cadeias, seguido pela BNB Chain, com 18 incidentes, representando 24,7%. Outras blockchains, incluindo Arbitrum, Blast, Optimism, Solana, Polygon, Fantom, Linea, Mantle e TON, compuseram o restante dos incidentes.