- Bitcoin cai com tensões comerciais entre EUA e China
- Criptomoeda recua menos que ações e petróleo, mas ainda sente impactos da liquidez global
- Projeções de recessão global sobem para 60%, segundo JPMorgan
O Bitcoin segue em queda no mês de abril e já devolveu grande parte dos ganhos acumulados no primeiro trimestre, conforme os mercados globais reagem às crescentes tensões comerciais entre Estados Unidos e China.
A retração nos preços ocorre após o anúncio, em 2 de abril, de novas tarifas comerciais por parte do ex-presidente Donald Trump. Além disso, houve uma resposta imediata da China, que elevou impostos sobre produtos norte-americanos para 84%. Desde então, diversos ativos vêm sofrendo reprecificação.
Nos dias que se seguiram à medida, o petróleo caiu 20,92%, o SPY (ETF que replica o S&P 500) recuou 10,23% e o Bitcoin perdeu 7,34%. Os títulos soberanos dos EUA e da China também foram afetados: o US10 e o CN10 recuaram 2,42% e 2,58%, respectivamente, refletindo maior pressão nos rendimentos.
Enquanto isso, o ouro, tradicional reserva de valor, caiu 2,83%. Isso evidencia que o movimento de aversão ao risco atingiu múltiplas classes de ativos.
Embora tenha se mantido mais resiliente que ações e petróleo, o Bitcoin continua sensível ao estresse macroeconômico. Desde a vitória eleitoral de Trump em novembro de 2024, a criptomoeda acumula alta de 11,51%.
Esse percentual supera o desempenho de ativos tradicionais como o SPY e o petróleo, que acumulam perdas superiores a 14% e 20%, respectivamente. Ainda assim, o desempenho do Bitcoin neste ano é um dos piores entre os principais ativos, ficando atrás apenas do petróleo.

Desempenho do Bitcoin e demais ativos
A correlação da criptomoeda com o cenário macro se intensificou, com os investidores priorizando sinais econômicos em vez do discurso político. A perspectiva de crescimento desacelerado nos EUA e na China reforça esse movimento.
De acordo com o Yale Budget Lab, a economia norte-americana pode encolher 0,9 ponto percentual em 2025. Enquanto isso, o custo adicional para o consumidor médio pode chegar a US$ 3.800 devido ao regime tarifário.
Do lado chinês, o rendimento dos títulos de 10 anos caiu para 1,65%, e a previsão de crescimento do PIBcaiu de 4,7% para 4,2%, segundo o Citi. Projeções indicam que as exportações do país podem cair quase um terço com o impacto das tarifas.