Estamos a aproximadamente 3 meses para um importante evento na economia mundial. A principal criptomoeda do mundo, o Bitcoin (BTC), passará pelo 3º halving desde a sua criação. Estima-se que ocorrerão 31 no total.
O halving é o processo pelo qual uma criptomoeda que é gerada através de mineração tem a sua recompensa (ou produção) reduzida pela metade. Ao pé da letra, é o processo de diminuição programada da inflação das criptomoedas que possuem limite de oferta total controlado (total supply).
Quando do início da produção do BTC, o valor da recompensa por bloco minerado era de 50 BTCs, e diminuiu para 25 BTCs após o primeiro halving; para 12,5 após o segundo halving; e agora será reduzido a 6,25 BTCs de recompensa por bloco.
DATA ESTIMADA PARA O PRÓXIMO HALVING DO BTC
A data para o terceiro halving do BTC é estimada, não certamente pontuada. Isto porque o halving não ocorre por tempo específico, mas sim a cada 210 mil blocos minerados. O terceiro halving deverá ocorrer no bloco 630 mil.
Desta forma, estima-se que o terceiro halving do BTC ocorrerá entre os dias 5 e 12 de maio deste ano, conforme é apresentado em diversos sites de contagem regressiva para o halving ( https://www.binance.vision/halving ; https://www.bitcoinclock.com/). Na mais longíngua das hipóteses ou cálculos, o halving deverá ocorrer em aproximadamente 100 dias (https://www.coingecko.com/pt/explain/bitcoin_halving ; https://www.bitcoinblockhalf.com/).
Devido ao processo de mineração, o tempo para o processamento e criação de cada bloco do BTC é variável, sendo que cada pessoa pode por si estimar uma data para o evento embasado nas informações sobre mineração disponíveis nas bases de dados do BTC.
Quem regula todo o processo da mineração, basicamente, é a sua taxa de dificuldade, que pode aumentar ou diminuir embasado em certos fatores e indicadores.
Como fator, a viabilidade financeira ou lucratividade para se minerar um bloco de BTC é sempre ponderada, e é o que embasa o empreendimento dos mineradores, adeptos e entusiastas das criptomoedas.
O principal indicador é o Hash rate de mineração, que apresenta a quantidade de tera Hashs (trilhões de hashs) que a rede de mineradores processa por segundo. A capacidade de mineração vem do poder tecnológico e energético empreendido no sistema de mineração de prova de trabalho (PoW – proof of work).
A miúdos, quão maior for a lucratividade em se minerar BTC, maior será o número de mineradores e\ou de seu hash power (poder de mineração), sendo assim maior a dificuldade de mineração dos blocos (que segue algoritmos previamente descritos no White Paper do BTC), o que sutilmente pode adiantar ou postergar o prazo estimado para o próximo halving.
OS HALVING ANTERIORES
O primeiro halving do BTC aconteceu em 28 de novembro de 2012.
À época, faltando 100 dias para o evento, o BTC estava cotado em aproximados $13 dólares, e o que se viu foi uma forte volatilidade no preço no período. No período D1 (diário), houve uma grande valorização no preço do ativo, de aproximados 20%, seguido de queda de aproximados 56% nos três dias seguintes, e outra forte valorização na semana decorrente de aproximados 50%.
Depois disto, até o evento do halving houve a lateralização do preço do BTC, com altas e baixas que chegaram a até 50%, retornando o preço à faixa dos $12 dólares no dia do halving.
O segundo halving do BTC aconteceu em 09 de julho de 2016.
À época, faltando 100 dias para o evento o ativo estava cotado em aproximadamente $410 dólares, e vinha de um longo período de lateralização (aproximados 9 meses) nesta faixa de preço.
Todavia, em meados de maio de 2016 o preço do criptoativo rompeu para cima um grande retângulo de acumulação em um notório movimento de alta que perdurou por 1 mês, elevando o seu valor em aproximadamente 90%, passando a ser cotado a $780 dólares.
Esta surpreendente valorização foi seguida de uma forte correção, e o BTC entrou em um triângulo simétrico de médio prazo no D1, com certa volatilidade no período, que perdurou durante a data do halving (09.07.16) e rompeu para baixo levando o seu preço à faixa dos $400 dólares no início de agosto de 2016.
Historicamente, a análise gráfica do BTC mostra que houve fortes movimentos de volatilidade em seu valor no período que começaremos a viver de agora em diante, até o próximo halving, que estimadamente ocorrerá em maio deste ano.
O PÓS HALVING
O Halving gera deflação, pois o valor da recompensa aos mineradores por bloco minerado cai pela metade. Isto significa que atualmente, após minerar 1 bloco a recompensa para o minerador é de 12,5 BTCs. Após o próximo Halving este valor decairá para 6,25 BTCs por bloco.
Normalmente a consequência deste ato é bom para a criptomoeda e para a economia em geral, todavia, péssima para os mineradores.
A razão é óbvia. Minerar BTC se tornará mais dispendioso ou menos rentável, pois passará a render metade do que rendia antes.
O que se observou após os dois primeiros halvings do BTC foi uma notória queda do volume de mineração, assim como a sua desvalorização de preço.
Já supracitado, o hash rate de mineração decai por causa do não interesse dos mineradores na taxa de rentabilidade que este processo induz no BTC. Já a sua desvalorização capital, supostamente está atrelada ao “despejo” de BTCs no mercado promovida pelos próprios mineradores a fim de realizarem os lucros de seu trabalho.
Entretanto, a história também mostrou que estes movimentos de desvalorização do ativo foram mantidos por um curto período de tempo, sendo mantida a macro tendência de alta que pairava à época dos dois halving, e que culminaram nas eufóricas “corrida dos touros” (Bull run) meses depois.
Após o halving de novembro 2012, ocorreram dois movimentos bruscos de preço do BTC.
O primeiro teve início em janeiro de 2013 e findou-se em 10 de abril de 2013 com a magnífica marca de 2.100% de alta durante o período. Como neste mercado diz-se que os preços dos ativos “sobem de escada e descem de elevador”, no mesmo dia o BTC sofreu um dump violento e despencou aproximados 80%.
O segundo movimento ocorreu em outubro de 2013, onde o preço teve valorização de aproximados 1.000% até o início de dezembro daquele ano (atingindo o topo histórico na época em $1.163 dólares). Mas nos dias seguintes formou um topo duplo no D1 e despencou! Foram 66% de queda!
Quando se trata do período pós segundo halving (a partir de julho de 2016), vários movimentos precederam a magnífica bull run do final de 2017.
Primeiro o BTC saltou 90% no período que antecedeu o halving, conforme mostramos acima. Mas depois disto, veio mais.
Conforme apresentado na tabela abaixo, listamos os principais movimentos de todo o período da bull run.
No movimento derradeiro que elevou o preço do criptoativo à sua máxima histórica no final de 2017, o valor do BTC saiu da casa dos $5.500 dólares em meados de novembro e atingiu a marca dos $20.000 dólares em 17 de dezembro na maioria das Exchanges do mundo.
SUPRIMENTO TOTAL: ANO 2140
Estima-se que o último halving do BTC ocorrerá no ano de 2140. Alguns céticos cogitam a hipótese de que nem todos os BTCs sejam minerados, uma vez que a recompensa por cada bloco será na casa de dezenas de milhares de Satoshis.
Diversos fatores podem ser ponderados para tanto, como o nível de dificuldade de mineração, o valor capital do criptoativo na ocasião, e até a incerteza se o BTC perdurará até lá! Mas uma quase certeza é que não teremos todos os BTCs circulando no mercado após o último halving, uma vez que muitos já se perderam durante seus 11 anos de existência.
Segundo dados apresentados pelo site BitcoinBlockHalf (https://www.bitcoinblockhalf.com/), faltando aproximadamente 3 meses para o próximo halving o total de BTCs já produzidos é de 18.194.300 (currently supply). Este montante corresponde a pouco mais de 86% do total de 21.000.000 de BTCs que serão minerados (total supply).
Atualmente são minerados 1.800 BTCs por dia, com taxa de inflação anual de 3,68%; o que após o próximo halving será reduzido a 1,8% ao ano. Estima-se que o 4º halving ocorrerá em 2024, onde a taxa de inflação cairá para incríveis 0,9% ao ano.
Diariamente são minerados aproximadamente 144 blocos de BTC, o que corresponde a uma média de 1 bloco a cada 10 minutos. No total já foram minerados 615.544 blocos, dado levantado até a publicação desta reportagem. Quando forem minerados exatos 630.000 blocos ocorrerá o terceiro halving. Faltam assim 14.456 blocos.
Para tanto, os mineradores não terão um caminho fácil adiante. Se não bastasse a dificuldade de mineração já ser a maior da história (15,4 Teras), estima-se para a daqui 13 dias o aumento de 5,64% da taxa de dificuldade (aproximadamente 16,3 Teras).
WHAT`S NEXT?
O próximo halving do BTC está sendo muito esperado pela comunidade das criptomoedas, tanto que acredita-se que este ano a repercussão será bem maior que nos halvings anteriores.
E isto já está aparente no Google Trends, site que apresenta estatísticas sobre buscas na Web. Ao se pesquisar pelo termo “halving Bitcoin” em nível mundial, os dados mostram relevante aumento da procura pelo termo a pouco mais de 3 meses do halving.
Mas nem sempre foi assim. No ano de 2012 o BTC era pouco conhecido e utilizado, e “halving” era um termo obsoleto, até então. Naquele ano, os indicadores de buscas do Google Trends apresentaram valores mínimos no períodos que antecederam o halving e pós halving (<1; 1; 1; e 2).
Já em 2016, o índicador de buscas por informações sobre o halving do BTC apresentou valores bem mais significantes. Na análise mensal, o indicador decolou em abril de 2016, retornando aos seus níveis basais em agosto daquele ano, logo após o halving (11; 21; 69; 100; 5; respectivamente de abril a agosto).
Já neste ano, a pouco mais de 3 meses para o halving o indicador do Google Trends já apresenta valores consideravelmente altos, igualando-se ao período do segundo halving, em 2016, e também equiparando-se ao valor do indicador para o termo de busca “Bitcoin”, na época da bull run de dezembro de 2017.
Certamente o halving é um importante evento para a economia, para a sociedade em geral, e para as criptomoedas. Mas dizer que poderemos esperar por fortes movimentos de volatilidade no preço do BTC exclusivamente devido ao halving soa um tanto quanto redundante e ingênuo, pois não apenas o BTC, mas todas as Altcoins apresentam corriqueiramente este comportamento volátil vertiginoso em seus preços.
Para a volatilidade do BTC, o halving é apenas mais um pretexto para fortes emoções. Para as criptomoedas e para o dinheiro, o halving do BTC é um GRANDE marco!
Aguardemos!