- Desde 2024, os fluxos de ETFs à vista se tornaram o principal motor dos dias de alta e baixa do Bitcoin.
- Saldos de BTC nas exchanges caíram para 2,83 milhões, o menor nível em seis anos.
- Grandes baleias usam mesas OTC e ordens fracionadas, reduzindo o impacto direto nas cotações.
Nos últimos meses, a ideia de que as grandes baleias decidem o rumo do Bitcoin vem perdendo força. Além disso, desde a chegada dos ETFs à vista, em 2024, os fluxos desses fundos se tornaram o principal fator por trás das variações diárias do mercado.
Hoje, o tom do dia — verde ou vermelho — depende muito mais de entradas e saídas de capital nos ETFs do que de movimentos isolados de grandes carteiras. Portanto, acompanhar esses fluxos é essencial para entender a direção do mercado.
ETF e liquidez: os novos motores do mercado
O BlackRock iShares Bitcoin Trust (IBIT) é um exemplo claro dessa mudança. O fundo acumula mais de 800.000 BTC sob custódia, representando milhares de investidores. Além disso, somados, os ETFs dos EUA já controlam cerca de 1,66 milhão de BTC, o que equivale a 6,4% da oferta total da criptomoeda.

Com o avanço desses instrumentos, a liquidez disponível nas exchanges caiu para 2,83 milhões de BTC, o menor nível em seis anos, segundo a Glassnode. Isso significa que, mesmo uma ordem grande institucional tem mais poder para movimentar os preços.

Além disso, os grandes investidores passaram a executar operações por meio de mesas OTC (over-the-counter) ou dividindo ordens em partes menores. Assim, essa estratégia evita impacto visível nas exchanges e reduz vazamento de informação.
“Os fluxos de ETFs se tornaram o novo termômetro do Bitcoin. Eles definem a direção diária do mercado”, afirmou James Butterfill, analista da CoinShares.
As baleias ainda mexem com o mercado?
As baleias — entidades que possuem mais de 1.000 BTC — continuam influentes, entretanto, de forma mais sutil. Estudos recentes mostram que esses grandes detentores costumam vender em momentos de alta, enquanto investidores menores compram. Isso tende a limitar os ralis, em vez de impulsioná-los.
Durante a última alta, quando o Bitcoin superou US$ 120.000, as chamadas “mega baleias” reduziram posições, aproveitando a força das entradas em ETFs. Enquanto isso, quando os fluxos dos fundos desaceleram, o mercado tende a recuar, reforçando o peso institucional sobre o preço.
O papel do cenário macro
Fatores macroeconômicos continuam essenciais para entender os movimentos diários do Bitcoin. Por isso, oscilações do dólar, dos juros dos EUA e do apetite global por risco frequentemente determinam o rumo do ativo.
Em períodos de menor volatilidade, o Bitcoin tende a acompanhar os mercados tradicionais. Entretanto, quando o ambiente global se torna mais arriscado, a criptomoeda reage com intensidade.
ETFs e liquidez comandam
As baleias ainda movimentam o mar do Bitcoin, mas já não decidem sozinhas quando ele fica verde ou vermelho. Portanto, o comando do timão passou para os ETFs, a liquidez reduzida nas exchanges e o humor macroeconômico. Assim, para o investidor atento, acompanhar esses três fatores é mais útil do que seguir cada alerta de “baleia em movimento”.

