Mais de 125 dias após o halving do Bitcoin (BTC), evento que reduz pela metade a emissão de novas moedas, o ativo ainda não apresentou o esperado impacto positivo em seu preço. Historicamente, o halving é visto como um catalisador de alta, reduzindo a oferta de novos bitcoins e, com isso, aumentando a demanda e o valor.
Contudo, o cenário atual parece diferente. O Bitcoin está sendo negociado a US$ 57.900, cerca de 20% abaixo de seu recorde histórico de US$ 73.750 alcançado em março de 2024, conforme apontam dados do TradingView.
Jasper De Maere, chefe de pesquisa da Outlier Ventures, acredita que o ciclo de alta tradicional pós-halving está morto.
“Estamos testemunhando o pior desempenho de preço após qualquer halving do Bitcoin até agora”, afirmou De Maere, em uma análise contundente. Ele baseia essa afirmação em uma tabela que compara o comportamento do BTC em diferentes ciclos de halving, destacando que o desempenho atual, 125 dias após o evento de 2024, está abaixo de todas as expectativas.
De Maere atribui o fraco desempenho a diversos fatores macroeconômicos e geopolíticos. Entre eles, ele destaca os dados econômicos dos Estados Unidos e o fim do carry trade do iene japonês, que exerceram forte pressão descendente sobre o preço do Bitcoin. Segundo ele, esses fatores externos são mais influentes do que o halving, tradicionalmente considerado um evento que impulsiona o valor da criptomoeda.
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Bitcoin
Além disso, o analista argumenta que o impulso inicial no preço do Bitcoin em 2024, logo após o halving, não foi causado pelo evento, mas pela aprovação de ETFs (fundos negociados em bolsa) de Bitcoin nos EUA. “Tivemos a aprovação do ETF de Bitcoin, que desde janeiro de 2024 trouxe uma entrada líquida de 299 mil BTC, o que impulsionou significativamente o preço. O aumento não foi uma antecipação do halving”, explicou De Maere.
A tese de De Maere é que o ciclo de quatro anos de alta do Bitcoin, comumente associado ao halving, está se tornando irrelevante. “O halving já não tem um impacto fundamental no preço do BTC e de outros ativos digitais”, afirmou ele, acrescentando que o último halving que realmente influenciou o mercado foi o de 2016. “É hora dos investidores se afastarem da noção de um ciclo de quatro anos à medida que os mercados de ativos digitais amadurecem.”
Por outro lado, empresas como CoinMetrics discordam dessa visão. Elas apontam que o halving de 2024 foi significativo, testando o equilíbrio econômico da indústria de mineração de Bitcoin. Além disso, especialistas de mercado, como a Alfa Bitcoin, afirmam que os efeitos de alta do halving costumam aparecer cerca de 150 dias após o evento, sugerindo que ainda há espaço para um movimento de alta.