- Grupo de investidores e desenvolvedores pressiona por assinaturas resistentes à computação quântica até 2026.
- Proposta BIP-360 divide a comunidade e exige consenso amplo na rede.
- Uso do Taproot cai de 42% para 20%, levantando alertas sobre riscos futuros.
O Bitcoin voltou ao centro de um debate técnico e estratégico.
Nos últimos meses, a possível ameaça da computação quântica reacendeu discussões sobre segurança, adoção e risco de mercado. Nesse contexto, o BIP-360 ganhou protagonismo.
Pressão por assinaturas pós-quânticas
Atualmente, um grupo crescente de bitcoiners defende acelerar a adoção de assinaturas resistentes à computação quântica. A proposta BIP-360, portanto, cria um novo tipo de endereço, preparado para cenários futuros.
Segundo Charles Edwards, fundador da Capriole, o prazo é crítico.
“A implementação precisa estar pronta em 2026”, afirmou em publicação no X.
Além disso, Edwards alertou para perdas severas caso nada seja feito, entretanto, a mudança não é simples. Ela exige consenso entre desenvolvedores, operadores de nós, fabricantes de carteiras físicas e grandes exchanges. Por isso, o avanço tende a ser lento e complexo.
Divergências e críticas ao “quantum FUD”
Por outro lado, parte relevante da comunidade vê o risco como distante. Adam Back, CEO da Blockstream, minimizou o temor.
“Bitcoin não usa criptografia de dados. O risco quântico ainda está a décadas”, escreveu.
Na mesma linha, Samson Mow, CEO da Jan3, reforçou o argumento. Segundo ele, computadores quânticos atuais não conseguem resolver problemas matemáticos básicos. Portanto, estariam longe de ameaçar o Bitcoin.
Queda do Taproot levanta dúvidas
Apesar dessas críticas, dados recentes chamaram atenção do mercado. O uso do Taproot caiu de 42% em 2024 para cerca de 20% em 2025. Esse comportamento, contudo, é incomum em upgrades do Bitcoin.
O analista Willy Woo destacou o movimento.
“Nunca vi o formato mais novo perder adoção. O Taproot é visto como vulnerável, enquanto SegWit e Legacy não”, afirmou.
Vale lembrar que o Taproot foi o maior upgrade desde 2017. Ele trouxe ganhos claros de privacidade e eficiência. Ainda assim, a percepção de risco pode estar afastando usuários e empresas.
Caminhos técnicos em debate
Além do BIP-360, surgem propostas alternativas. Nesse sentido, Adam Back sugeriu assinaturas baseadas exclusivamente em funções hash. Esse modelo, portanto, aproveita premissas já consolidadas no Bitcoin.
Segundo a Blockstream Research, esquemas desse tipo podem oferecer segurança pós-quântica. Além disso, evitariam mudanças radicais na arquitetura atual da rede.
Impacto antes da ameaça real
Em termos práticos, o risco quântico ainda é teórico. No entanto, a percepção de ameaça já influencia decisões técnicas e comportamentais no ecossistema.
Assim, o debate sobre o BIP-360 pode moldar o futuro do Bitcoin. E isso pode ocorrer antes mesmo de a tecnologia quântica atingir maturidade real.

