- Fluxos de ETFs reacendem o apetite institucional por Bitcoin
- Mercado espera sinal claro de Powell antes de novos movimentos
- Volatilidade pode disparar após decisões do Fed e do Japão
Os ETFs de Bitcoin voltaram a ganhar força nesta semana e reacenderam o debate sobre o rumo do mercado. Após dias de saídas intensas, os fundos registraram US$ 151,92 milhões de entradas na terça-feira, com o FBTC, da Fidelity, liderando com quase US$ 200 milhões. Enquanto isso, os produtos lastreados em Ethereum atraíram mais US$ 178 milhões, ao passo que os ETFs de Solana tiveram captação mais tímida. Esse movimento elevou o otimismo e trouxe novos sinais de recuperação para o mercado cripto.

Mesmo assim, analistas reforçam que este fluxo ainda não define uma tendência, embora mostre um mercado mais estável. Muitos observam que o ritmo atual parece mais saudável do que o visto no início do ano.
Fluxo positivo anima o mercado, mas varejo segue defensivo
Timothy Misir, da BRN, afirmou que a entrada expressiva representa um “reajuste, não uma ruptura”, destacando três pontos essenciais, queda nos saldos das bolsas, retomada da acumulação por grandes investidores e forte redução da alavancagem. Além disso, o índice da Coinbase Institutional, que monitora a exposição especulativa, caiu para 4% a 5%, metade do nível visto em meados de 2025. Essa queda indica uma estrutura de mercado mais sólida, com menos pressão de posições arriscadas.
Apesar disso, Misir aponta um comportamento conhecido nas viradas de ciclo: o varejo ainda vende em momentos de alta, enquanto investidores institucionais seguem acumulando. Esse padrão, comum antes de grandes movimentos, mantém o mercado em alerta.
No entanto, o clima macroeconômico domina o debate. A decisão do comitê federal de mercado aberto (FOMC) sobre a taxa de juros de 2025 concentra todas as atenções. Os mercados veem de 87% a 89% de chance de um corte de 25 pontos-base, embora muitos especialistas afirmem que o impacto real virá do tom de Powell, e não da decisão em si.
Fed define o rumo e volatilidade cresce antes do anúncio
A QCP Capital descreveu a abertura da Ásia como “cautelosa, porém mais calma” após os fortes resgates de novembro, ressaltando que o BTC segue estável, sem gatilhos claros antes do FOMC. Já a K33 Research aponta um dos menores índices de confiança pré decisão do ano, resultado da falta de dados econômicos sólidos e sinais contraditórios no cenário global.
Nos futuros da CME, a volatilidade do interesse em aberto caiu para 0,34%, um dos níveis mais baixos já registrados. Esse padrão, historicamente, costuma antecipar movimentos bruscos após a divulgação da política monetária.
Segundo Misir, o mercado agora se apoia em dois pilares, a continuidade das entradas nos ETFs e o grau de flexibilização que Powell sinalizará para 2026. Se o discurso vier mais moderado, analistas enxergam espaço para o preço do Bitcoin avançar para US$ 96.000 a US$ 106.000. Porém, um tom duro pode empurrar o BTC novamente para a região de US$ 85.000.

A QCP reforça que outro catalisador está no horizonte, a reunião do Banco do Japão, em 19 de dezembro. O aumento dos rendimentos dos títulos japoneses e a dinâmica do financiamento em ienes podem gerar nova volatilidade global, afetando diretamente os ativos digitais.
Por enquanto, o Bitcoin se mantém estável, o apetite pelos ETFs reapareceu e o mercado aguarda, com tensão crescente, o próximo sinal do Federal Reserve.

