- Entradas em DATs reforçam busca institucional por liquidez e segurança
- Corte de juros impulsiona aportes em Bitcoin e Ethereum
- Títulos digitais ganham vantagem estrutural sobre ETFs para 2026
Os aportes em títulos digitais de Bitcoin e Ethereum cresceram de forma constante nas últimas semanas, e agora apontam para uma busca clara por segurança. Mesmo com o mercado instável, esses instrumentos somaram US$ 2,6 bilhões em entradas, mostrando que o capital institucional continua bem ativo. O movimento ganhou força logo depois do corte de juros promovido pelo Federal Reserve, que barateceu a alavancagem e aumentou a liquidez disponível para operações de grande porte.
Entre 8 e 14 de dezembro, os fundos registraram mais de US$ 1,36 bilhão, com Bitcoin e Ethereum à frente. Foram US$ 940 milhões em Bitcoin, US$ 423 milhões em Ethereum e uma entrada tímida em Bittensor. Ao mesmo tempo, Solana registrou uma pequena saída, reforçando a preferência dos investidores por ativos extremamente líquidos.
A Strategy, gigante de tesouraria corporativa, intensificou esse movimento. Em dois aportes grandes, a empresa comprou mais de 21 mil BTC, avaliados em quase US$ 2 bilhões. Ainda assim, o Bitcoin opera perto de US$ 87.170, com leve queda na semana. A soma total detida pela Strategy já passa de US$ 58 bilhões, embora o mNAV da empresa continue abaixo de 1, o que limita o apetite de novos investidores.

Pressão sobre o mNAV e sentimento cauteloso
A queda no valor patrimonial líquido acompanha o clima defensivo do mercado. Na plataforma Myriad, os usuários atribuem apenas 32% de chance de o mNAV subir para 1,5, enquanto veem boa probabilidade de recuo para 0,85. A Strategy tenta evitar vendas emergenciais e, por isso, liberou US$ 1,44 bilhão em caixa para cobrir dividendos e manter as posições em Bitcoin intocadas.
Mesmo com esse risco, os aportes não recuaram. Dados preliminares de 15 a 21 de dezembro mostram novas entradas de US$ 980 milhões em Bitcoin e US$ 313 milhões em Ethereum, reforçando a tendência de concentração nos dois maiores ativos digitais. Esse comportamento sinaliza uma estratégia institucional clara voltada para liquidez, reservas e simplificação de risco.
Corte de juros e novas regras contábeis impulsionam os fluxos
Segundo analistas, o corte de juros de 10 de dezembro acelerou o interesse por DATs. Além disso, a nova norma contábil FASB ASU 2023-08 permite que empresas registrem a valorização das criptomoedas como lucro líquido, algo inédito. Especialistas dizem que isso já começa a mudar a forma como companhias globais tratam ativos digitais em seus balanços.
A entrada de Bittensor, mesmo pequena, teve motivação específica, seu halving e o lançamento do Grayscale Bittensor Trust. Isso reforça que o apetite institucional segue apontando para poucos ativos, com espaço apenas para narrativas de alta convicção.
Os fluxos recentes também reduziram os descontos históricos entre DATs e seus ativos subjacentes. Com capital mais barato, esses títulos funcionam como instrumentos alavancados com desconto efetivo sobre Bitcoin e Ethereum. Para 2026, especialistas acreditam que os DATs manterão vantagem sobre ETFs spot, já que podem capturar rendimento de staking e participar de operações de fusões e aquisições, algo que ETFs tradicionais não conseguem replicar.
No fim, o mercado segue cauteloso, mas o capital institucional deixa claro que não abandonou o setor. Em vez disso, mudou de rota, hoje privilegia liquidez, segurança e eficiência por meio dos títulos digitais.

