- Rebaixamento da Wolfe Research pressiona ações após IPO histórico
- Dependência de juros acende alerta sobre margens da Circle
- Euforia inicial dá lugar à cautela entre investidores
Investidores acompanharam a estreia da Circle Internet Group na Bolsa de Nova York com atenção total, marcada por forte demanda e interesse institucional. O IPO foi em 5 de junho e rapidamente se destacou como um dos mais subscritos do setor de criptomoedas nas últimas décadas, reforçando o otimismo que vinha de casa.
Nos dois primeiros dias, as ações da Circle dispararam cerca de 250%, registrando a maior valorização em um IPO nesse intervalo desde 1980. O impulso vinha da expectativa de avanço regulatório, especialmente após a aprovação da Lei GENIUS, que trouxe mais previsibilidade ao mercado de stablecoins nos EUA.
Mas, nas semanas seguintes, o clima mudou. Analistas passaram a avaliar com mais cautela a sustentabilidade dessa valorização, e o mercado começou a precificar riscos operacionais e macroeconômicos. A euforia deu lugar a um movimento mais defensivo entre investidores.
A Circle, emissora das stablecoins USDC e EURC, voltou ao radar após alertas vindos de Wall Street. Relatórios recentes apontam que fatores estruturais podem limitar o desempenho das ações no curto e médio prazo, mesmo diante de um cenário regulatório mais claro.
Rebaixamento acende sinal vermelho no mercado
Em 2 de dezembro, a Wolfe Research rebaixou a recomendação para as ações da Circle, classificando o papel como “venda“. Além disso, o analista Darrin Peller definiu um preço alvo de US$ 60, bem abaixo das cotações recentes, o que reforçou o tom cauteloso.
Segundo a casa, as ações seguem em processo de correção após atingirem máximas logo após o IPO. Nos últimos seis meses, os papéis acumulam queda de 21,18%, refletindo a revisão das expectativas e a menor tolerância ao risco.
O preço da Circle está cotado em US$ 83,92 com uma perda de 4%. A meta da Wolfe aponta para uma desvalorização potencial de cerca de 33%, caso o cenário mais conservador se confirme.

Peller reconheceu que a Circle construiu uma plataforma sólida e alinhada às exigências regulatórias de instituições financeiras tradicionais. Ainda assim, destacou o aumento das despesas operacionais e a pressão crescente sobre as margens.
Dependência de juros aumenta o risco no curto prazo
A principal preocupação dos analistas está na composição da receita da Circle. Mais de 96% do faturamento vem dos juros gerados pelas reservas que lastreiam suas stablecoins, o que torna o modelo altamente dependente das taxas de juros.
As stablecoins mantêm valor estável ao serem vinculadas a ativos reais, como o dólar americano. No entanto, esse mecanismo expõe a empresa às decisões do Federal Reserve, especialmente em ciclos de aperto ou afrouxamento monetário.
Segundo Peller, a expectativa de novos cortes de juros já em dezembro representa um risco relevante no curto prazo. Rendimentos menores sobre as reservas podem afetar diretamente a lucratividade da companhia.
A Wolfe Research projeta que a Circle gere mais de US$ 2,75 bilhões em receita em 2025, mas alerta que esse crescimento pode não se traduzir em margens robustas. Porém, diante disso, investidores seguem em alerta após a queda drástica, avaliando se o IPO realmente justificou a euforia inicial em meio ao debate sobre as criptomoedas promissoras.

