Desde a proibição das criptomoedas na China em 2021, o mercado global de ativos digitais tem navegado por águas turbulentas. A medida drástica, que causou uma queda de 50% no valor do Bitcoin, forçou mineradores a fugirem do país e gerou um impacto significativo na regulamentação global de criptomoedas. As autoridades chinesas justificaram a proibição como necessária para combater crimes financeiros e proteger o sistema financeiro nacional.
Contudo, a recente vitória legal do fundador da Tron, Justin Sun, trouxe um novo fôlego de otimismo para a comunidade cripto, sugerindo que a postura rígida da China pode estar começando a se suavizar.
Em junho deste ano, Justin Sun venceu um processo de difamação no Tribunal Popular da China. Sun havia processado o Chongqing Business Media Group por publicar artigos que o retratavam como um fraudador em fuga das autoridades chinesas e americanas. Essa vitória foi vista por muitos como um indicativo de que o sistema legal chinês não está tão fechado às questões relacionadas às criptomoedas quanto se acreditava anteriormente.
Justin Sun
Falando ao The Block, Sun destacou que seu triunfo não deve ser visto como surpreendente, argumentando que a reputação da China como firmemente anticripto é exagerada e não reflete a verdadeira postura do sistema legal do país. “A vitória no tribunal sugere que as autoridades chinesas não veem a indústria de criptomoedas de forma tão desfavorável quanto se imagina”, afirmou Sun.
A abordagem cada vez mais favorável às criptomoedas em Hong Kong tem alimentado especulações sobre uma possível mudança de postura na China continental. Enquanto as políticas rígidas da China permanecem inalteradas, o ambiente regulatório mais permissivo de Hong Kong levanta esperanças de um possível degelo na atitude geral do país em relação às criptomoedas.
Sun, por sua vez, comparou a política de criptomoedas da China com a dos Estados Unidos. “É claro que alguns reguladores são muito conservadores em relação às criptomoedas, mas, no geral, o tribunal e o governo não têm uma política discriminatória de forma alguma”, afirmou ele.
O ceticismo da China em relação aos ativos digitais não é novidade. Desde 2013, quando classificou o Bitcoin como uma “commodity virtual” sem status de moeda com curso legal, o país adotou uma série de políticas cada vez mais restritivas. A proibição formal de atividades relacionadas a criptomoedas em 2021 foi o ponto culminante desse movimento, tornando ilegal uma ampla gama de atividades, incluindo negociação, derivativos e arrecadação de fundos baseados em tokens.
Esta proibição também marcou o início de uma abordagem multiagências para monitorar e suprimir atividades relacionadas a criptomoedas, sinalizando um esforço coordenado para erradicar a presença da indústria no país.