O MakerDAO, uma das maiores plataformas de finanças descentralizadas (DeFi), está considerando seriamente limitar sua exposição ao Wrapped Bitcoin (WBTC) devido a preocupações crescentes envolvendo a recente parceria entre a BitGo, emissora do WBTC, e a BitGlobal, agora controlada em parte por Justin Sun, fundador da Tron.
A BA Labs, uma das equipes responsáveis pela governança do MakerDAO, recomendou que o protocolo restrinja o uso de WBTC em suas operações, citando riscos potenciais associados à participação de Sun.
A parceria resultou na transferência do controle do WBTC para uma nova joint venture, que inclui Justin Sun como um dos principais envolvidos. Além disso, a custódia das reservas de BTC que respaldam o WBTC foi dividida entre três jurisdições: Hong Kong, Singapura e os Estados Unidos, em vez de ser centralizada apenas nos EUA.
Essas mudanças geraram preocupações dentro da comunidade DeFi, pois muitos temem que a influência de Justin Sun possa introduzir riscos significativos ao WBTC. Embora Sun tenha assegurado que essas mudanças não afetarão a operação do WBTC, vários membros da comunidade MakerDAO não estão convencidos.
MakerDAO
A BA Labs expressou preocupações com o histórico de Sun em outros projetos de criptomoedas, como TUSD, stUSDT e HTX, sugerindo que seu envolvimento pode trazer instabilidade ao protocolo Maker.
Em resposta a essas preocupações, a BA Labs propôs que o MakerDAO reduza a zero o uso de WBTC em três de seus principais cofres e desabilite a possibilidade de empréstimos com WBTC como garantia no SparkLend, uma das plataformas de empréstimo do MakerDAO. Essa medida, se aprovada, limitará drasticamente o uso de WBTC em todos os protocolos do MakerDAO.
A proposta será submetida à votação da comunidade MakerDAO em 12 de agosto de 2024, e alguns membros já manifestaram suas preocupações, argumentando que os riscos podem estar sendo superestimados, visto que as mudanças só terão efeito daqui a 60 dias.
Justin Sun, por sua vez, defendeu sua participação na joint venture, afirmando que seu envolvimento é puramente estratégico e que ele não tem controle sobre as chaves privadas das reservas de BTC que sustentam o WBTC. Sun enfatizou que as auditorias continuam a ocorrer em tempo real e que a segurança subjacente do WBTC permanece inalterada.
Mike Belshe, CEO da BitGo, apoiou as afirmações de Sun, descrevendo as preocupações da comunidade como infundadas e baseadas mais na reputação de Sun do que em fatos concretos sobre a parceria. Belshe assegurou que o processo de emissão do WBTC e sua segurança não foram alterados pela nova estrutura de controle.
Apesar dessas garantias, a comunidade MakerDAO continua dividida. O futuro do WBTC no protocolo Maker será decidido nos próximos dias, e o resultado pode ter implicações significativas para o mercado DeFi como um todo. Se a proposta de limitar a exposição ao WBTC for aprovada, outras plataformas DeFi podem seguir o exemplo, impactando a liquidez e a usabilidade do WBTC no ecossistema cripto.