- Insiders lucram, investidores comuns perdem tudo em memecoins na Solana.
- Bots e influenciadores manipulam o mercado na Solana.
- Memecoins parecem piada, mas são golpes disfarçados.
Nos últimos meses, centenas de memecoins surgiram na blockchain Solana. Mas o que parece uma brincadeira divertida esconde um esquema bem orquestrado. Esses tokens, lançados por meio de plataformas como Pump.fun e Meteora, viraram uma armadilha para investidores comuns. E o pior: quem está por trás disso nunca perde.
Logo no lançamento de uma nova memecoin, bots automatizados compram os tokens em segundos. Esses bots pertencem a insiders que já sabem o momento exato de entrada. Muitas vezes, essas carteiras são abastecidas horas antes de uma postagem nas redes sociais feita por alguma celebridade ou influenciador.
Depois do bot comprar, entram os chamados KOLs (Key Opinion Leaders). Com grandes audiências em redes como o X, eles promovem os tokens como se fossem oportunidades justas. Mas a realidade é outra: já entraram antes, com descontos, e estão prontos para vender enquanto os outros compram.

Memecoins na Solana são manipuladas
Tokens com nomes ligados a figuras públicas como Trump, Melania e Milei dispararam logo após o lançamento. Porém, em poucos dias, todos despencaram. O token de Trump caiu 85%, o de Melania 95%. O Libra, com o rosto de Milei, puxou para baixo até mesmo o token nativo da Solana, o SOL, que perdeu mais de 50% de valor.
Esses lançamentos não são aleatórios. Cabais organizadas, como a Kelsier Ventures, cuidam de todo o processo: criação, promoção e manipulação de preços. Seus integrantes, em grande parte anônimos, controlam o que acontece do início ao fim. Um dos poucos nomes públicos, Hayden Davis, já admitiu participação em tokens como Libra, Melania e até Enron.
Pump.fun virou a ferramenta favorita dos insiders, pois permite que qualquer um crie um token em minutos. Já a Meteora, dentro do ecossistema Jupiter, abriga os grandes lançamentos. E com apps como o Moonshot, que aceita cartão de crédito, até iniciantes entram sem entender o que estão comprando.
Primeiro, os insiders lançam o token. Depois, os bots compram. Influenciadores promovem. A massa entra. E então vem o tombo. Sempre. Tokens perdem entre 80% e 95% do valor em dias. Foi assim com Trump, Melania, Libra e muitos outros.
Em fevereiro, a SEC dos EUA classificou os memecoins como colecionáveis. Isso quer dizer que não há exigência de registro, nem proteção legal. Se alguém perder dinheiro, o problema é só dele. Cathie Wood, da Ark Invest, resumiu bem: “Não há nada como perder dinheiro para as pessoas aprenderem”.
Mesmo com tantas perdas, novas moedas surgem todos os dias. O motivo é simples: para quem cria, o risco é zero. Eles controlam os bots, têm acesso antecipado e vendem antes de tudo desabar. O investidor comum, por outro lado, entra no jogo tarde demais. E paga a conta.