- Ouro supera o Bitcoin e atinge valor recorde de US$ 30 trilhões.
- Crise bancária e guerra comercial impulsionam corrida por segurança.
- Investidores abandonam criptos e reforçam confiança no metal precioso.
O ouro voltou a brilhar e superou o Bitcoin com uma alta histórica. Pela primeira vez, o metal precioso ultrapassou US$ 4.300 por onça, elevando seu valor de mercado global para US$ 30 trilhões, segundo dados da CNBC. A disparada ocorreu em meio a tensões entre Estados Unidos e China, à expectativa de corte de juros pelo Federal Reserve e ao medo crescente nos mercados tradicionais.
Enquanto investidores abandonam ativos de risco, o ouro volta a ocupar seu posto como porto seguro em tempos de incerteza. O preço à vista atingiu US$ 4.312, e os futuros de dezembro chegaram a US$ 4.328,70, ambos em novos recordes absolutos.
A escalada do ouro não aconteceu por acaso. Nos últimos dias, o ambiente econômico global se tornou mais instável. Tensões geopolíticas, temores de recessão e fragilidade bancária levaram investidores a migrar rapidamente para ativos considerados estáveis.
Segundo analistas, o ouro foi o refúgio natural diante da turbulência. A nova onda de compras ganhou força depois que Donald Trump, de volta à Casa Branca, reafirmou a guerra comercial contra a China, com ameaças de tarifas de 100% sobre importações chinesas. Além disso, o governo chinês impôs restrições à exportação de minerais raros, essenciais para a indústria tecnológica.
O aumento das tarifas e a escalada diplomática criaram um cenário de alerta, levando muitos a se desfazerem de ações e criptomoedas. O Bitcoin, que vinha mantendo estabilidade próxima de US$ 108 mil, perdeu espaço diante da busca global por segurança e liquidez imediata.
Ouro ganha mais credibilidade na crise
O colapso em série de bancos regionais nos Estados Unidos também impulsionou a corrida ao ouro. Ações do Zions Bank despencaram 13% após perdas com empréstimos inadimplentes, e o Western Alliance caiu 11%, agravando a desconfiança no setor financeiro.
Duas empresas ligadas ao setor automotivo, First Brands e Tricolor Holdings, também entraram com pedidos de falência nesta semana, gerando novos temores sobre a saúde do crédito privado. O CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, alertou: “Quando se vê uma barata, provavelmente há mais.” A metáfora reforçou o clima de pânico nos mercados, que se espalhou rapidamente por Wall Street.
Enquanto isso, o banco Jefferies, exposto à crise das montadoras, acumulou queda de 25% no mês. Diante do aumento do risco, fundos institucionais migraram para o ouro, elevando ainda mais seu preço.
O Bank of America revisou suas previsões e agora projeta o ouro em US$ 5.000 até 2026, com média de US$ 4.400 já no próximo ano. Para o metal atingir US$ 6.000, a instituição estima que o fluxo de compra global precise crescer 28% em relação ao nível atual.
Enquanto o ouro bate recordes, o Bitcoin enfrenta resistência para manter o impulso. O movimento reflete a mudança de humor dos investidores, que passaram a priorizar estabilidade em vez de retorno rápido.
A volatilidade das criptomoedas, combinada com a incerteza política e econômica, fortaleceu o argumento de que o ouro ainda é o ativo mais confiável em tempos de crise. Mesmo com a modernização dos mercados e o avanço dos ativos digitais, o metal milenar segue imbatível como reserva de valor.
O velho ouro volta a dominar o jogo financeiro
O avanço do ouro também coincidiu com a queda dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA, que caíram abaixo de 4%, e com a desvalorização do dólar em 0,5%. Esses movimentos mostraram o quanto o mercado se tornou defensivo e desconfiado.
Além disso, o Índice de Volatilidade da Cboe (VIX) atingiu o maior nível desde maio, sinalizando o aumento do medo entre investidores. Assim, para muitos, essa combinação — juros em queda, dólar mais fraco e tensão geopolítica — cria o cenário perfeito para o ouro continuar sua escalada.
Em contraste, o Bitcoin e as criptomoedas perderam o brilho momentâneo, com traders priorizando proteção sobre especulação. O mercado vê o metal precioso como vencedor absoluto de 2025, e, pela primeira vez, o termo “ouro digital” parece invertido: é o ouro físico que agora dita o ritmo do mercado global.