- Cinco empresas ligadas ao Bitcoin recebem autorização bancária federal
- Custódia e serviços cripto avançam dentro do sistema regulado dos EUA
- Decisão da OCC acelera integração entre bancos e ativos digitais
O sistema financeiro global vive uma transformação silenciosa, porém profunda. Cinco empresas ligadas ao Bitcoin já se tornaram bancos tradicionais nos Estados Unidos, após aprovação do principal regulador bancário do país.
A decisão marca uma virada histórica. Pela primeira vez, companhias nativas do setor cripto passam a operar dentro do sistema bancário federal, com regras claras e supervisão direta. A Oficina do Controlador da Moeda (OCC) aprovou, em 12 de dezembro, cinco pedidos de constituição de bancos fiduciários nacionais. O órgão regula bancos nacionais e federais nos Estados Unidos.
As empresas autorizadas foram BitGo, Fidelity Digital Assets, Paxos, Ripple e First National Digital Currency Bank. Assim, todas possuem forte atuação no mercado de Bitcoin e ativos digitais. Três dessas instituições já existiam e migraram para o modelo bancário. BitGo, Fidelity Digital Assets e Paxos receberam autorização para conversão em bancos nacionais de fideicomisso.
As outras duas surgem como novos bancos. Ripple National Trust Bank e First National Digital Currency Bank receberam estatuto de novo, voltado à criação de instituições financeiras do zero. Apesar do avanço, as autorizações têm limites claros. Esses bancos podem oferecer custódia e serviços com criptomoedas, mas não podem captar depósitos segurados nem conceder empréstimos.
De acordo com a OCC, os pedidos passaram por uma análise rigorosa. Os critérios envolveram requisitos legais, regulatórios e operacionais, alinhados às normas do sistema bancário americano. O comunicado oficial destaca que o foco dessas instituições será a custódia, a administração fiduciária e a infraestrutura de ativos digitais. O crédito tradicional fica fora desse modelo.
Bitcoin dominando o mundo
De acordo com o controlador da moeda, Jonathan V. Gould, a entrada dessas empresas traz benefícios. “Novos participantes fortalecem consumidores, o sistema bancário e a economia”, afirmou o executivo. Ele também reforçou o compromisso do órgão. A OCC pretende equilibrar inovação e segurança, acompanhando a evolução das finanças sem comprometer a estabilidade do sistema.
Com a decisão, as cinco empresas passam a integrar um grupo seleto. Elas se somam a cerca de 60 bancos nacionais de fideicomisso já supervisionados pela OCC.Essas instituições não funcionam como bancos tradicionais. Em geral, oferecem custódia, liquidação e serviços fiduciários, atendendo grandes investidores e empresas.
No contexto cripto, o impacto é direto. As autorizações criam um marco regulatório único para ativos digitais, reduzindo incertezas jurídicas que afastavam investidores institucionais. O movimento ocorre logo após outra mudança relevante. Recentemente, a OCC publicou a Carta Interpretativa 1188, ampliando o papel dos bancos em operações com criptomoedas.
Essa diretriz permite que bancos atuem como intermediários. Eles podem comprar ativos digitais de um cliente e vender a outro, sem manter criptomoedas no próprio balanço. Na prática, o banco opera como agente. O modelo se assemelha ao de um corretor, priorizando execução, compliance e segurança, sem exposição direta ao risco do ativo.
Transformação global
Especialistas veem a medida como um divisor de águas. O foco passa a ser infraestrutura regulada, algo raro no setor cripto durante a última década. Mesmo assim, as autorizações não são definitivas. Todas são condicionais, o que exige que as empresas cumpram exigências adicionais antes de operar plenamente.
Desse modo, entre as obrigações estão regras de capital, governança corporativa robusta e controles operacionais rigorosos. Além disso, a supervisão será contínua. Cada instituição agora precisa concluir etapas formais. Somente após isso poderão operar sob o estatuto nacional, dentro do arcabouço bancário dos Estados Unidos.
Assim, apesar dos desafios, o sinal é claro. Bitcoin e criptomoedas deixaram a periferia financeira e avançam para o núcleo do sistema bancário global. A presença de nomes como Fidelity e Ripple reforça essa leitura. O setor cripto passa a dividir espaço com bancos tradicionais, sob as mesmas regras.


