A utilização do Bitcoin em El Salvador continua a cair, refletindo uma tendência de rejeição à criptomoeda desde que foi declarada como moeda de curso legal em 2021. De acordo com uma pesquisa recente realizada pelo Centro de Estudos Cidadãos da Universidade Francisco Gavidia (UFG), apenas 8% da população salvadorenha afirma utilizar Bitcoin em suas transações diárias.
Esses números indicam uma queda no interesse pela criptomoeda, especialmente quando comparados aos índices de adoção nos primeiros anos após a promulgação da Lei Bitcoin.
Os dados mostram que o entusiasmo inicial em torno do Bitcoin tem diminuído consistentemente. Em janeiro de 2024, um estudo da Universidade Centro-Americana José Simeón Cañas (UCA) apontou que mais de 10% dos cidadãos utilizavam a criptomoeda, número que agora recuou ainda mais.
O levantamento mais recente da UFG revela que 92% dos salvadorenhos não utilizam Bitcoin em suas rotinas financeiras. Esse declínio contrasta fortemente com os números de 2021 e 2022, quando o percentual de adoção chegou a ultrapassar 20%.
A queda na utilização do Bitcoin no país se torna ainda mais significativa à medida que a pressão internacional aumenta, especialmente do Fundo Monetário Internacional (FMI). O FMI tem expressado suas preocupações em relação ao uso do Bitcoin como moeda legal, alertando sobre os riscos potenciais à estabilidade financeira e fiscal de El Salvador.
Recentemente, Julie Kozack, porta-voz do FMI, destacou que a baixa adoção da criptomoeda pode ser vista como um alívio, afirmando que “os riscos financeiros com o Bitcoin não se materializaram amplamente”. No entanto, a organização insiste na necessidade de maior controle sobre a moeda digital.
Bitcoin
O governo de El Salvador, liderado pelo presidente Nayib Bukele, mantém uma postura ambígua sobre o tema. Em uma entrevista recente, Bukele admitiu certa decepção com os baixos níveis de adoção, mencionando que esperava uma aceitação mais ampla do Bitcoin entre os salvadorenhos. Apesar disso, o governo tem mantido conversas com o FMI, buscando acordos que possam limitar o impacto da Lei Bitcoin em troca de um empréstimo de US$ 1,3 bilhão, que visa estabilizar a economia do país.
A principal recomendação do FMI continua sendo a revogação da Lei Bitcoin ou, ao menos, a redução de sua promoção oficial. O objetivo é mitigar os riscos fiscais e financeiros associados à moeda digital. Embora o Bitcoin tenha sido apresentado como uma solução para impulsionar a economia e atrair investimentos internacionais, os resultados até agora têm sido mistos, e a aceitação da população segue aquém do esperado.