- Fed pode interromper o aperto quantitativo em breve
- Reservas bancárias atingem menor nível desde janeiro
- Mercado alerta para risco de liquidez nos EUA
Às reservas bancárias dos EUA caíram abaixo de US$ 3 trilhões de dólares pela primeira vez desde janeiro, acendendo um alerta no sistema financeiro global. O movimento reflete a pressão do Federal Reserve (Fed) para reduzir o balanço e controlar a liquidez no mercado.
Os dados, divulgados na quinta-feira, mostram uma queda de cerca de US$ 59 bilhões de dólares nas reservas na semana encerrada em 22 de outubro, totalizando US$ 2,93 trilhões. Essa é a segunda semana consecutiva de retração, resultado direto do aumento dos empréstimos do Tesouro após o aumento do teto da dívida.
Fed enfrenta dilema entre liquidez e estabilidade
A redução das reservas acontece enquanto o Fed discute o futuro do seu balanço, estimado em US$ 6,6 trilhões. Analistas alertam que o aperto quantitativo, ao reduzir ativos, pode pressionar ainda mais a liquidez e gerar riscos de instabilidade financeira.
Fontes ligadas à instituição afirmam que, para evitar turbulências, o Fed diminuiu o ritmo de vencimentos de títulos nos últimos meses. A decisão deve voltar à pauta na reunião da próxima semana em Washington, quando também serão avaliados possíveis cortes na taxa básica de juros, hoje projetados entre 3,75% e 4%.
Mesmo assim, Wall Street mantém cautela. Para o JPMorgan e o Bank of America, o Fed poderá interromper o QT ainda neste mês, o que encerraria o atual ciclo de drenagem de liquidez – medida vista como necessária para equilibrar os mercados sem sufocar o crédito.
Reservas escassas e mercado sob pressão
Em discurso recente na Filadélfia, o presidente do Fed, Jerome Powell, indicou que o banco central está próximo do nível ideal de reservas “amplas“, ponto em que o balanço pode parar de encolher. Ele afirmou que o plano é encerrar as reduções quando houver liquidez suficiente para evitar distorções no mercado.
No entanto, as taxas do mercado monetário continuam elevadas, um sinal de que as reservas já não são abundantes. Analistas indicam que o sistema financeiro dos EUA opera no limite da liquidez, podendo ampliar choques diante de novos estresses econômicos.
A recente queda nas reservas, somada ao esgotamento das operações de recompra reversa (RRP), indica que a margem de segurança do sistema financeiro está se estreitando. Especialistas alertam que o Fed pode encerrar o aperto quantitativo antes do previsto para evitar nova crise de liquidez semelhante à de 2019.
Enquanto o debate continua, o mercado observa atentamente os próximos passos do Fed. Cada movimento será decisivo para definir se os Estados Unidos conseguirão manter a estabilidade financeira sem comprometer a luta contra a inflação.

