- Strategy pode vender Bitcoin para pagar imposto nos EUA.
- Nova regra fiscal ameaça estratégia bilionária com Bitcoin.
- Empresa alerta: software não cobre custo das operações atuais.
A Strategy, antiga MicroStrategy, pode ser obrigada a vender parte de seus Bitcoins para quitar tributos nos Estados Unidos a partir de 2026. A informação consta em um comunicado oficial enviado pela empresa à Securities and Exchange Commission (SEC), o órgão regulador do mercado financeiro americano.
De acordo com o documento, a empresa projeta que será enquadrada pela Corporate Alternative Minimum Tax (CAMT), uma nova regra fiscal que impõe uma taxa mínima de 15% sobre lucros não realizados, ou seja, sobre ganhos que ainda não foram convertidos em dinheiro. No caso da Strategy, esse lucro se refere aos bilhões acumulados em Bitcoin, que ainda não foram vendidos.
O CAMT atinge empresas com renda contábil média superior a US$ 1 bilhão nos últimos três anos. A Strategy se enquadra nesse critério por causa da valorização de sua reserva de BTC, que alcançou mais de US$ 65 bilhões até junho deste ano. A companhia estima uma obrigação fiscal de US$ 6,3 bilhões, com base em US$ 14 bilhões de ganhos não realizados apenas no segundo trimestre.
A empresa destacou no relatório que, caso não consiga levantar capital por outros meios, pode liquidar parte de seus 597.325 Bitcoins para honrar os compromissos fiscais. A venda, segundo o documento, pode ocorrer até abaixo do preço médio de aquisição, o que comprometeria o desempenho financeiro e a estratégia de longo prazo da companhia.
“Poderemos precisar vender parte dos nossas criptomoedas ou emitir novos títulos de dívida e ações para levantar dinheiro suficiente e cumprir com as obrigações fiscais”, diz o trecho mais preocupante do comunicado.
Strategy vai vender Bitcoin?
Além disso, a Strategy alertou que sua divisão principal, de software empresarial, não gera receita suficiente para sustentar as operações. A empresa se apoia na emissão de ações e na valorização do BTC para manter o fluxo de caixa. Se essas opções falharem, a venda de parte do tesouro de criptomoedas se tornará inevitável.
O peso da dívida também preocupa. A Strategy carrega um passivo de US$ 8,24 bilhões e paga dividendos sobre ações preferenciais. Isso eleva a pressão sobre a gestão financeira em meio a um cenário de mudanças fiscais e incertezas regulatórias.
Mesmo com os riscos, a empresa reafirmou sua estratégia de manter o Bitcoin como ativo central de reserva. No entanto, admitiu que novas compras dependerão de condições como liquidez, preço da criptomoeda e ambiente regulatório.
Analistas da CryptoQuant chamaram atenção para os riscos da abordagem adotada pela Strategy. Eles consideram o plano ousado, mas admitem que ele desmorona se o mercado virar ou se a Receita apertar o cerco.
. A empresa ainda afirmou que qualquer venda de Bitcoins para pagar impostos pode afetar sua capacidade de levantar novos recursos no futuro.
Enquanto isso, o mercado reage com cautela. As ações da Strategy (MSTR) subiram apenas 1% na quinta-feira, enquanto o próprio Bitcoin avançou 2,5% e superou os US$ 113.800, atingindo uma nova máxima histórica.
O alerta da Strategy acende um sinal vermelho para outras empresas que também acumulam Bitcoin em seus balanços. Atualmente, mais de 140 companhias listadas em bolsa detêm BTC como ativo de tesouraria. Se a CAMT avançar sem exceções, muitas poderão enfrentar o mesmo dilema: vender parte de seus Bitcoins para pagar impostos sobre lucros que sequer realizaram.