- Barclays proíbe criptomoedas com crédito para evitar endividamento.
- Medida visa proteger consumidores da volatilidade das criptomoedas.
- Setor financeiro reage contra restrição a compras com cartão.
O banco britânico Barclays proibirá, a partir desta sexta-feira (28), compras de criptomoedas com cartões de crédito emitidos pela instituição. A medida afeta diretamente os usuários do Barclaycard e levanta preocupações sobre liberdade financeira e controle de risco bancário.
O banco justificou a decisão com base na volatilidade extrema dos ativos digitais e na ausência de garantias regulatórias em caso de prejuízo. O anúncio causou reações imediatas no setor financeiro e no mercado cripto.
Risco elevado e falta de proteção motivaram a decisão
Em comunicado oficial, o Barclays declarou que a nova política visa proteger os consumidores de endividamento em caso de queda abrupta no valor das criptomoedas. “Estamos tomando essa decisão porque uma queda no preço das criptomoedas pode levar os clientes a se endividarem sem condições de pagar”, explicou a instituição.
O banco também apontou que não há proteção ao consumidor nesses casos, uma vez que as criptomoedas não se enquadram nas garantias do Financial Ombudsman Service nem do Financial Services Compensation Scheme, que cobrem produtos financeiros tradicionais no Reino Unido.
A partir de agora, clientes não poderão mais usar o Barclaycard para comprar moedas digitais em exchanges. No entanto, outras formas de pagamento, como débito ou transferência bancária, permanecem válidas para aquisição desses ativos.
Setor reage à medida e teme novas restrições no Reino Unido
A proibição ocorre em meio a um debate crescente sobre possíveis restrições no uso de crédito para compra de criptomoedas. No início de maio, a Autoridade de Conduta Financeira (FCA) publicou uma proposta consultiva questionando se medidas mais rígidas deveriam ser adotadas.
A Payments Association, grupo sediado em Londres, rejeitou a ideia de limitar o uso do crédito nesse tipo de transação. Segundo a entidade, a medida trata injustamente os ativos digitais como apostas de alto risco, ignorando a autonomia do consumidor.
“Essa sugestão parece equiparar a compra de criptomoedas a um jogo de azar. Os consumidores devem ter o poder de fazer escolhas informadas”, afirmou a associação.
Apesar da pressão por regulação, vários bancos já aplicam bloqueios seletivos quando identificam operações suspeitas com criptomoedas. Para muitos usuários, os cartões de crédito ainda servem como ponte entre o sistema bancário tradicional e o mercado digital.
Além disso, algumas operadoras tratam essas compras como adiantamento em dinheiro, o que eleva tarifas e juros. Com a decisão do Barclays, a tendência é que outras instituições sigam o mesmo caminho, intensificando o cerco sobre as criptomoedas no Reino Unido.