- A Celsius e a Tether chegaram a um acordo de US$ 299,5 milhões, encerrando uma batalha judicial de um ano
- No entanto, o acordo fechado representa apenas cerca de 7% desse montante
- Mesmo com o encerramento parcial da disputa, outros processos contra a Tether ainda estão em andamento
O processo de recuperação judicial da Celsius Network atingiu um marco importante com o acordo fechado com a Tether, principal emissora de stablecoins do mercado. O valor de US$ 299,5 milhões encerra uma longa disputa judicial iniciada após a falência da Celsius em 2022. Embora represente apenas uma fração do valor total reivindicado, o acerto levanta novas preocupações quanto à responsabilidade legal das emissoras de stablecoins em contextos de falência cripto.
Acordo encerra disputa sobre liquidação de colateral em Bitcoin
Em primeiro lugar, a controvérsia surgiu porque a Celsius acusou a Tether de liquidar colaterais de Bitcoin que garantiam empréstimos em USDT de forma indevida. Segundo a Celsius, a Tether executou a venda justamente quando o valor de mercado do Bitcoin se igualava à dívida da empresa. Como resultado, a operação teria contribuído diretamente para sua insolvência.
Tether is pleased to have reached a settlement of all issues related to the Celsius bankruptcy.
— Paolo Ardoino 🤖 (@paoloardoino) October 14, 2025
A ação judicial foi movida em agosto de 2024, com a Celsius buscando um ressarcimento de até US$ 4,3 bilhões. No entanto, o acordo fechado representa apenas cerca de 7% desse montante. O consórcio BRIC (Blockchain Recovery Investment Consortium), liderado pela VanEck e GXD Labs, negociou a resolução como administrador da massa falida da Celsius.
Mesmo com o encerramento parcial da disputa, outros processos contra a Tether ainda estão em andamento. A decisão de pagar quase US$ 300 milhões, no entanto, marca uma mudança de postura da empresa em relação a sua responsabilidade como contraparte em transações de alto risco.
Impacto do acordo reacende discussões sobre regulação das stablecoins
Além de encerrar um dos casos mais emblemáticos da crise cripto de 2022, o acordo reacende um debate crítico. Até agora, empresas como a Tether alegavam que sua função era puramente operacional, limitada à emissão e resgate de tokens. Com esse pagamento, surge uma nova visão sobre o papel dessas emissoras em ambientes de crédito e empréstimo.
Enquanto isso, o ex-CEO da Celsius, Alex Mashinsky, cumpre pena de 12 anos por crimes relacionados à gestão fraudulenta da plataforma. Outros credores como BlockFi e Voyager também enfrentaram processos semelhantes após a queda generalizada da confiança no setor.
De forma geral, especialistas acreditam que esse tipo de acordo pode pressionar os reguladores a criar diretrizes mais rígidas para as stablecoins. Isso incluiria, por exemplo, regras específicas sobre como as garantias devem ser tratadas durante crises de liquidez. Assim, o caso Celsius-Tether pode se tornar um divisor de águas na responsabilização das empresas de infraestrutura cripto.